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Eles já foram definidos como uma história em quadrinhos em carne e osso. Usam chapéus, ternos retrô e, às vezes, máscaras. Cantam letras sarcásticas sobre as loucuras do dia-a-dia. E, acima de tudo, praticam uma das misturas musicais mais interessantes já surgidas por estas bandas. Na ativa há cerca de cinco anos, os rapazes do Los Diaños aos poucos constroem uma trajetória movida a punk rock, psychobilly, heavy metal e... jazz!

Vindos de escolas diferentes, os cinco integrantes têm em comum o gosto pelos jazzistas dos anos 30 e 40. No mais, é cada um para o seu canto. RHS, cantor e trumpetista, tocou em grupos de ska e surf music. Germano, baterista e figurinha carimbada do underground local, traz forte influência punk. Fã de guitarristas virtuosos, André bebe na fonte do metal e do hard rock. Toshiro gosta de Primus, Suicidal Tendencies e, de alguma forma, incorpora isso em seu contrabaixo acústico. Por fim, o violinista Fred, último a entrar na turma, tem formação erudita e acompanhou orquestras.

Referências tão diversas só poderiam resultar numa combinação, no mínimo, ousada. Deixe o Suicídio para Amanhã, o primeiro CD, de 2004, já deixava claro que o Los Diaños não era apenas mais um grupo metido a esquisito, como tantos espalhados pelos porões da cidade. Havia música de verdade ali, executada por bons instrumentistas e produzida com uma qualidade acima da média.

Vieram então convites para shows, a escalação nos festivais Claro Que É Rock e Curitiba Rock Festival e até uma participação no programa Banda Antes, da MTV. Após uma breve pausa, que incluiu mudanças na formação, a banda acaba de voltar à cena com um álbum novinho em folha: o independente Contagem Regressiva para a Insanidade, lançado apenas em LP e MP3.

Uma aposta arriscada? Pode ser. Mas que faz sentido nestes tempos de indefinição de formatos tecnológicos. "Todo mundo diz que a gente é louco, porque ninguém mais tem toca-disco em casa. Só que o CD ficou sem graça, sem valor, fácil de piratear. Além disso, quem quiser pode baixar o álbum de graça, na íntegra, em nosso site oficial", explica RHS. Artista gráfico, ele é o responsável por toda a concepção visual da banda e assina a bela capa do novo trabalho. Aliás, todos os integrantes têm outros empregos – e gostam deles, o que alivia a ansiedade quanto ao sucesso do Los Diaños. "O importante, para nós, é o resultado final do material. Se ficou bom, o resto é conseqüência", garante.Simples e direto

Para RHS, Contagem Regressiva... acentua os contrastes musicais de Deixe o Suicídio para Amanhã. "Há mais quebras de ritmo. Em uma mesma música, podemos ir da guitarra pesada à calmaria total", diz. Os textos, segundo ele, também mudaram. Continuam tratando de relacionamentos, política, religião e prazeres da vida, mas agora trazem menos metáforas. "As letras estão mais curtas, simples, diretas. Antes, ninguém entendia realmente o que elas queriam dizer", diverte-se.

Enquanto divulga o novo disco por aqui, o Los Diaños (algo como "Os Endiabrados", numa tradução bem livre) faz contatos para engatilhar apresentações em outros estados. Difícil mesmo, porém, é se fazer entender no exterior, onde, pelo menos teoricamente, a mistura sofisticada do grupo despertaria interesse. "O problema com as gravadoras gringas é o nosso estilo indefinido. Ou você é pesado, ou é jazz", diz RHS, sem demonstrar qualquer tipo de frustração. Até porque, como diz uma das canções da banda, "a pressa é inimiga dos dentes".

Serviço: Para comprar o LP, baixar gratuitamente as músicas ou assistir ao videoclipe de "Mistérios da Sagrada Burrice", acesse o site www.losdianos.com. Próximos shows: dia 6 de novembro, às 18 horas, na loja Vinil Club (R. Ébano Pereira, 196); e dia 18 de novembro, em horário a confirmar, no Espaço Cultural 92 Graus (R. Visconde do Rio Branco, 294).

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