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Filippo Timi e Giovanna Mezzogiorno estrelam Vincere | Fotos: Divulgação
Filippo Timi e Giovanna Mezzogiorno estrelam Vincere| Foto: Fotos: Divulgação

Vincere, novo filme de Marco Bellocchio, narra de forma testemunhal e num tom operístico todo o horror, a crueldade e a violência do fascismo.Mostrado numa sessão prévia para a imprensa da 47.ª edição do Festival de Nova York, o novo trabalho do veterano diretor italiano foi muito aplaudido e marca sua volta ao evento, onde esteve em 2003 com Bom Dia, Noite, sobre o seqüestro e a execução do ex-Primeiro Ministro Aldo Moro.

O filme é sobre a trágica história de Ida Dalser (Giovanna Mez­­zo­­ggiorno), que foi o grande amor de Be­­nito Mussolini, no início da carreira política, e com quem teve um filho, Benito Al­­bino Mussolini, nunca re­­conhecido pelo pai.

Quando os dois se conhecem em Milão, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, o Duce militava no Partido Socialista com apoio de Ida, inclusive financeiro, como foi o caso da edição do periódico Il Popolo d’Italia. Mas, na medida em que ele se afasta das idéias progressistas, se projeta como líder fascista e assume outros romances, a relação dos dois entra em crise.

O filme é contado sob a perspectiva de Ida e sua obsessão por Mussolini. Como insiste em ser reconhecida como mãe do seu filho – proclamando esse fato até para o Papa – ela é internada à força num hospício, onde permaneceu por mais de 11 anos, enquanto seu filho também é enviado a um instituto de doentes mentais.

Filippo Timi interpreta o jovem Mussolini e, num segundo momento, vive o filho de Ida com o Duce.

Numa entrevista especial denominada pelo festival Diálogos de Bellocchio com Phillip Lopate (programador do NYFF), o diretor falou sobre a origem do filme e a admiração que tem pela figura de Ida Dalser. Leia os principais trechos.

O que o levou a fazer Vincere?

Eu tomei conhecimento da história de Ida Dalser quando assisti, há alguns anos atrás, ao documentário Il Segreto di Mussolini, de Fabrizio Laurenti e fiquei admirado por essa mulher extraordinária. Na história do antifascismo italiano, os personagens sempre pertenceram ao partido de oposição. Ida, ao contrário, é uma mulher que apoiou Mus­­solini desde o início e isso me pareceu uma razão mais do que suficiente para fazer o filme, que eu planejava desde 1980, mas por circunstâncias políticas, adiei o projeto na época. Qual foi o elemento fundamental para contar esta história?

A coragem, o comportamento e a determinação dessa mulher admirável. Filmes antifascistas em geral são contados do ponto de vista de heróis ou mártires, o que não é o caso deste. Ela foi uma mulher que se recusou a aceitar a rejeição de Mussolini e a ter um papel renegado em sua vida. Felizmente, existe uma farta documentação para que essa história não tenha caído no esquecimento.

Houve dificuldade para ter acesso ao material da vida de Ida?

Não, pelo contrário. Em Tren­­tino, onde Ida viveu, as pessoas têm essa história bem clara e lembram com detalhes a tragédia que foi deixada de lado da versão oficial. Além disso, há dois livros publicados com muitos documentos e depoimentos de testemunhas: Mussolini’s Wife, de Marco Zeni, e The Duce’s Secret Son, de Alfredo Pieroni. Esse ma­­terial inclui também uma quantidade enorme de cartas que Ida escreveu para altas autoridades, para o Papa e para o próprio Mussolini.A adição de material de arquivo foi para dar um sentido de veracidade ao filme ou foi uma questão de estilo?

Por uma questão de estilo, mas também por razões práticas. Como nós não podíamos reproduzir tudo, foi necessário misturar imagens já existentes com nosso material. Por isso, o filme começa com cenas do jovem Mussolini interpretado por um ator e depois são inseridas imagens autênticas do ditador, sugerindo todo o processo histórico.

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