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É raro poder comprar um disco sem precisar ouvi-lo. Poucos artistas merecem o tratamento. Antônio Carlos Jobim (1927 – 1994) é um desses. No ano passado, a gravadora Biscoito Fino criou um selo com o sobrenome do compositor dedicado à discografia do homem que foi uma máquina de criar clássicos. É por ele que o selo relança Tom Jobim Inédito. Para ser comprado de olhos e ouvidos fechados.

Gravado em 1987 com o patrocínio da construtora Odebrecht, o disco ganhou uma edição comercial somente em 1995, um ano após a morte de Jobim. Quando entrou em estúdio para registrar as 24 músicas desse álbum originalmente duplo, o pai de Maria Luiza (então recém-nascida) e marido de Ana Lontra estava com 60 anos de idade, viajava pelo Brasil e pelo mundo em apresentações, acompanhado dos filhos Paulo e Elizabeth, da mulher e dos amigos integrantes da Banda Nova – Jacques e Paula Morelenbaum, Simone e Danilo Caymmi, Maucha Adnet, Sebastião Neto e Paulo Braga.

O "inédito" no título se justifica porque, à época, algumas canções nunca haviam sido gravadas na voz de Jobim – "Chega de Saudade", entre elas. A reedição da BF inclui fotos e desenhos encartados na versão original, além das letras de todas as composições – algo raro em lançamentos nacionais. A novidade bancada pela gravadora carioca é a inclusão das 24 faixas em apenas um disco, o que torna o lançamento mais acessível – no site da BF (www.biscoitofino.com.br), ele sai por R$ 31 sem contar o frete.

Para criar Tom Jobim Inédito, o segundo título do selo Jobim Biscoito Fino – sucessor de Antônio Carlos Jobim em Minas Ao Vivo Piano e Voz –, a casa do compositor no Jardim Botânico, do Rio de Janeiro, foi adaptada. A sala onde ficava seu piano, foi transformada em estúdio entre 18 de maio e 30 de agosto de 87. Os trabalhos começavam tarde da noite para evitar os ruídos externos e terminavam lá pelas duas da manhã. Jobim dizia que, de sua casa, era possível ouvir um sapo coachar a 200 metros de distância.

Dizer mais o quê? Que é irresistível ouvir "Desafinado", "Águas de Março", "Eu Sei Que Vou Te Amar" e "Garota de Ipanema" pelas mãos do homem que as criou? Sim, é irresistível. Jobim dizia que Inédito foi o disco que mais gostou de gravar. O projeto criado por Jairo Severiano e Vera Alencar previa um álbum e uma biografia escrita por Sérgio Cabral para marcar o aniversário do maestro. Ambos tiveram edições limitadas. Em 1995, o disco foi lançado comercialmente. Como de hábito, a cuidadosa reedição da BF deve nada às anteriores. GGGGG

As 24 faixas

"Wave"

"Chega de Saudade"

"Sabiá"

"Samba do Avião"

"Garota de Ipanema"

"Retrato em Branco e Preto"

"Modinha (Seresta n.º 5)"

"Modinha"

"Canta, Canta Mais"

"Eu Não Existo Sem Você"

"Por Causa de Você"

"Sucedeu Assim"

"Imagina"

"Eu Sei que Vou Te Amar"

"Canção do Amor Demais"

"Falando de Amor"

"Inútil Paisagem"

"Derradeira Primavera"

"Canção em Modo Menor"

"Estrada do Sol"

"Águas de Março"

"Samba de uma Nota Só"

"Desafinado"

"A Felicidade"

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