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Diego Fortes: Festival dá inegável visibilidade aos grupos locais | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Diego Fortes: Festival dá inegável visibilidade aos grupos locais| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo
  • Fiani: público de teatro concentra-se no Festival de Curitiba e na Corrente Cultural

O Festival de Curitiba chega ao final de mais uma edição. A intensa movimentação entre os espaços teatrais da cidade vai diminuindo e, para os profissionais da classe, a grande questão é o legado que o festival deixa para o teatro no resto do ano.

A grande exposição que os grupos locais ganham durante os 13 dias do evento é uma vantagem inegável para Diego Fortes, diretor da Armadilha Cia. de Teatro. "Esse estímulo do festival dá uma movimentada bonita na cidade, e a gente acaba conhecendo muita gente de grupos de fora que talvez não tivéssemos oportunidade de entrar em contato em outras situações", diz.

Ele afirma também que uma eventual diminuição de público nos meses seguintes é normal, pois o teatro não tem uma divulgação muito intensa fora da temporada. Porém, esse movimento preocupa João Luiz Fiani, diretor do Teatro Lala Schneider. Ele conta que percebeu, conversando com espectadores, que o interesse do público pelo teatro concentra-se em duas ocasiões principais: durante o Festival de Curitiba e durante a Corrente Cultural, evento realizado pela prefeitura da cidade que oferece diversas opções de entretenimento gratuito além do teatro. "Muita gente acha que só tem teatro em Curitiba quando tem ator global ou durante o Festival. Me parece que no resto do ano não tem importância para as pessoas o que produzimos", diz.

A grande queixa em relação ao Festival por parte dos profissionais é a quantidade de peças que são montadas. Juscelino Zilio, diretor do teatro Barracão EnCena (que este ano não participou do evento), comenta que a preferência por quantidade ao invés de qualidade prejudica a imagem do teatro na cidade. "Não tem público para todas as peças. É lógico que um evento com uma grande divulgação contribui para formação de plateia, mas o fato de não haver uma curadoria faz com que se tenha também espetáculos muito ruins que afastam o público", acredita.

Fiani é mais específico. Para ele, que apresentou 24 espetáculos nesta edição do evento – sendo que pouco mais da metade foram estreias –, o grande problema é o inchaço da Mostra. "Antigamente, a Mostra tinha poucas peças, e o público dava mais atenção para o Fringe. Hoje a mostra principal está cheia, o Risorama está cada vez mais cheio também, e a mostra paralela fica sem força", explica. E completa: "Eu acho o festival muito importante, e o defendo, mas se não houver uma reestruturação, eu não sei se no ano que vem vou participar".

Fora de temporada

É consenso que o movimento nos teatros diminui expressivamente no resto do ano. Porém, o mês que antecede e o que precede o festival são os mais preocupantes para os profissionais. "Antes do festival você não tem mais público porque todos estão comprando ingressos para o evento. No mês seguinte, quando acaba, ninguém quer ir mais ao teatro, pois passaram duas semanas indo a peças, então, a gente também fica sem espectadores", explica Zilio.

O jeito é apostar em divulgação e qualidade nos espetáculos. Diego Fortes conta que, já que a Armadilha Cia. de Teatro não tem um espaço fixo, seu grupo depende principalmente dos editais da Fundação Cultural de Curitiba (FCC). "O teatro é uma arte que luta para existir e sobreviver no Brasil, então, qualquer apoio é válido. A atual gestão da FCC tem sido muito colaborativa, a gente tem recebido grande aprovação nos editais e eles estão tomando iniciativas louváveis, como a reforma do teatro Novelas Curitibanas, priorizar espetáculos experimentais, peças gratuitas etc.", comenta. Ele acrescenta que as mídias sociais têm hoje grande importância na divulgação das peças de sua companhia, que apresentou dois espetáculos nesta edição: Os Invisíveis e Café Andaluz.

Para Fiani, entretanto, esse incentivo, por mais que aumente o interesse do público pelo teatro, prejudica a sobrevivência das companhias: "Hoje em dia tem cada vez mais peça de graça, e eu preciso cobrar R$ 30 reais de ingresso para poder custear a produção e pagar a minha equipe, aí acontece de muita gente preferir assistir o espetáculo gratuito. E dinheiro para fazer uma divulgação forte na mídia a gente não tem, contamos principalmente com o boca-a-boca para a divulgação e com o nosso bom trabalho para atrair mais público".

Para Fortes, um dos desafios de fazer teatro sem um espaço físico e fora da temporada é ter espaço para ensaiar. Para isso, ele conta, A Armadilha faz parcerias com pessoas que têm como disponibilizar esse espaço. Porém, o que mais dificulta a sobrevivência do gênero é o curto período de tempo durante o qual uma peça geralmente fica em cartaz.

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