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 | Antonio Costa/ Gazeta do Povo
| Foto: Antonio Costa/ Gazeta do Povo

Web tem de ser vista como uma força aliada

Uma aliada. É assim que deve ser vista a internet pelos meios impressos, dizem os profissionais de jornalismo. E assim tem sido o modus operandi dos veículos diários. Dos pequenos aos tradicionais e de maior circulação, a maioria mantém, já há algum tempo, páginas virtuais e versões online.

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Desde a metade da década de 1990, o jornalismo definitivamente nunca mais foi o mesmo. A partir do advento da internet o impresso transformou-se aos poucos, mas de maneira irreversível. A rede, em tese, viabilizou a qualquer pessoa a possibilidade de produzir notícia – e isso é apontado como um marco pela professora da Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Ivana Bentes. "Com a internet, o leitor tornou-se produtor de informação", observa Ivana, que vai mais longe e afirma: "Defendo o fim da exigência do diploma de jornalista. Todo mundo tem o direito de produzir informação."

O ponto de vista da professora da UFRJ é controverso e tem oponentes. O professor da PUCRS Celso Schröder, vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), é um deles. De pronto, argumenta que a internet é uma tecnologia que, eventualmente, serve para fazer jornalismo. Mas, em meio aos inúmeros possíveis emissores, é preciso – se não imprescindível – que haja pessoas treinadas para fazer a mediação entre os fatos e os leitores. "As informações dependem de quem reporta. E quem deve fazer isso é um jornalista, que é o profissional da informação", defende.

Se, por mais óbvio que seja, a "ponte" entre os acontecimentos e o público é o jornalista, os estudiosos recomendam que cabe a esse profissional de comunicação tornar ainda mais atraente essa "estrada" entre notícia e leitores do futuro – os adolescentes e jovens – hoje, em grande maioria, tidos como avessos à leitura ou, no máximo, consumidores de informações online.

Leitores do futuro

Carlos Alberto Di Franco chama atenção para um fato mais do que consolidado: por que será que milhões de jovens, no mundo todo, consomem livros de Harry Potter e O Senhor dos Anéis, mas não estão comprando jornais impressos? Ele mesmo responde: "Porque nós, os jornalistas, não estamos oferecendo a esse público algo atraente".

A argumentação de Di Franco encontra ressonância em uma análise de Ricardo Kotscho: os jovens lêem se o conteúdo for atraente. Mais de 90% dos e-mails e cartas que a revista Brasileiros recebe são de jovens, que comentam e sugerem reportagens. "O jovem é leitor", endossa o jornalista que mergulha no zeitgeist (espírito do tempo) e vale-se da ferramenta que o agora disponibiliza: o seu blog Balaio do Kotscho (colunistas.ig.com.br/ricardokotscho/) tem atualizações diárias e é lido por adultos, jovens e adolescentes.

No front

Já faz tempo que os impressos publicam suplementos direcionados aos pequenos leitores. Hoje mesmo (sábado), circula na Gazeta do Povo a Gazetinha (que já soma 35 anos de estrada), um caderno voltado para o público entre 12 e 16 anos.

O diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira, lembra que muitos especialistas defendem a criação e a manutenção desses suplementos para que crianças e adolescentes se habituem com a leitura no papel. Mas Pedreira não deixa de acrescentar que há quem considere tais suplementos um "erro", "pois estaria dirigindo os jovens para um ‘gueto’ dentro do jornal".

Matías Molina, jornalista e autor de Os Melhores Jornais do Mundo, entende que, no momento em que os jovens ingressarem no mercado de trabalho, suas obrigações e responsabilidades os levarão à leitura – sistemática – de jornais. Se realmente vão migrar da tela para as páginas de papel, só o futuro dirá.

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