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Diversidade de temas, a presença de autores nacionais e estrangeiros e participação de celebridade da tevê ajudam a fazer da Bienal Internacional do Livro do Rio um sucesso de visitação | Marcos de Paula/Agência Estado
Diversidade de temas, a presença de autores nacionais e estrangeiros e participação de celebridade da tevê ajudam a fazer da Bienal Internacional do Livro do Rio um sucesso de visitação| Foto: Marcos de Paula/Agência Estado

Confira as cifras da Bienal Internacional do Rio de Janeiro

Público previsto: 600 mil visitantes.

Visitas agendadas para estudantes: 200 mil

Expositores: 950

Área ocupada: 55 mil metros quadrados

Investimento: R$ 24 milhões (R$ 1,7 milhão na programação cultural)

Expectativa de vendas: 25 milhões de exemplares, R$ 44 milhões

Títulos lançados: 1 mil Participantes 100 autores nacionais e 18 estrangeiros (12 americanos)

Eventos

67 debates, 12 leituras dramatizadas e 84 apresentações para o público infanto-juvenil

RIO DE JANEIRO - Meg Cabot, Tim Winton, Dash Shaw, Bernard Cornwell, Kim Kyosaki, Chris Bohjalian, Thrity Umrigar – parecem nomes de superestrelas da moda ou do showbiz, mas são todos escritores que atraem milhares de fãs durante os 11 dias da 14.ª Bienal Interna­cio­­nal do Livro, no Rio de Janeiro.Numa conversa com a reportagem, a organizadora Andrea Rep­­sold confirmou a vinda de uma versão do evento para Curitiba. Ela deve acontecer entre os dias 1.º e 10 de outubro de 2010, no Es­­tação Embratel Convention Cen­­ter. A Bienal do Paraná deve seguir o mesmo modelo que consagrou a Bienal do Rio.O megaevento no Riocentro prova que o livro deixou definitivamente as estantes empoeiradas e elitistas das bibliotecas para se tornar tão popular como a música, o cinema, o teatro e, sem exagero, as telenovelas. Nesta bienal o leitor tem acesso, tranquilamente, a figuras famosas da tevê lendo textos de autores nacionais, numa série organizada por Paulo José, entre elas Marília Pêra (Ma­­cha­­do de Assis), Malu Mader (Cla­­rice Lispector), Lázaro Ramos (Jor­­ge Amado), Matheus Nach­ter­ga­­e­­le (Graciliano Ramos), Paulo Betti (Monteiro Lobato), Renata Sorrah (Oswald de Andrade), José Mayer (Erico Verissimo), Giulia Gam (Gonçalves Dias), Tony Ramos (Mário de Andrade); e o próprio Paulo José e Mariana Xi­­menes lendo Ferreira Gullar.

Outras manifestações do fascínio da leitura foram, já no primeiro dia, a concorrida sessão de autógrafos de Meg Cabot, autora do best seller O Diário da Princesa, e a palestra de Bernard Cornwell, autor de mais de 40 romances históricos, sobre Mundos Históricos, Mundos Imaginados. Seus fãs formaram filas a partir das 9 da ma­­nhã, para ouvi-lo dez horas de­­pois, às 19h30, num auditório su­­perlotado.

Embora os Estados Unidos sejam o país homenageado, quem levou a fama de autor favorito do presidente Barack Obama foi o irlandês Joseph O’Neill, que lançou Terras Baixas, livro de cabeceira do atual ocupante da Casa Bran­­ca. Longe da imagem clássica do intelectual, O’Neill revelou-se fã do craque Mané Garrincha e recebeu uma camisa do Botafogo do jornalista Arthur Dapieve, que discutiu com ele Mixagens Pós-nacionais, no Café Literário. Cu­­rador deste módulo já consagrado da Bienal do Livro, Ítalo Moricone diz que "esses bate-papos informais ajudam a construir uma relação afetiva entre o leitor e a obra literária."

A diversidade do Café vai de temas como Nosso Sistema Ner­­voso É Africano (Alberto da Costa e Silva e Joel Rufino dos Santos) a O Papel da Escrita no Contexto Multimídia (Cecília Gianetti, Michel Melamed e Santiago Nazarian), passando por Ética e Responsabilidade no Mundo Contemporâneo (Leonardo Boff e André Trigueiro) e Tornando-se Adulto em Páginas de Romance (Tim Winton e David Wroblenski).

Segundo Andreia Repsold, vi­­ce-presidente da Fagga Eventos, organizadora da bienal, "a característica mais marcante da Bienal do Livro do Rio de Janeiro é a sua rica e diversificada programação cultural, que se tornou a ‘marca registrada’ do evento. A programação é renovada a cada edição para garantir sempre novidades ao público e aos expositores." Infantil

Entre as novidades deste ano está a Floresta de Livros, um espaço cenográfico para o público juvenil com árvores falantes que narram trechos de livros e têm copas formadas por letras criando palavras conforme o ângulo de observação. A mulher também ocupa o seu espaço – 60 anos depois do clássico de Simone de Beauvoir, parece coisa de "segundo sexo", mas não é – no espaço Mulher e Ponto, que discute, entre outras coisas, Há Vida Depois dos 40: um Novo Filão nas Estantes, A Voz Feminina na Literatura Brasileira, De Olho na Nova Família e A Mulher na Literatura, aos Olhos do Homem-que-escreve.

Outra iniciativa da Bienal estimula diretamente a vocação literária: a Hama Editora lançará o livro Contos de Todos Nós, uma antologia de 20 histórias inscritas e selecionadas no decorrer do próprio evento.

A agente literária Valéria Mar­­tins, mediadora de duas mesas no primeiro sábado do evento, falou entusiasmada: "Pela primeira vez, a Bienal do Rio é uma feira de negócios. Agentes literários e editores de outros países estiveram no Riocentro na quinta e sexta para reuniões com os editores brasileiros, como se faz na Feira de Frankfurt!. Paulo Roberto Pires, diretor editorial da Agir e Nova Fronteira, do Grupo Ediouro, disse: ‘Finalmente, isso aqui virou uma feira de negócios.’"

Penguin

A realidade comercial em ascensão do livro no Brasil foi respaldada, nestes dias de Bienal, pelo anúncio da parceria entre a Pen­­guin Books inglesa e a Com­­pa­­nhia das Letras para o lançamento de uma ampla coleção de li­­vros clássicos a preços populares. E, na sexta-feira, 11 de se­­tembro, houve o lançamento ofi­­cial no Brasil do poderoso grupo português Leya, ocorrido em clima de festa no Palácio São Cle­­mente, a antiga embaixada de Por­­tugal no Rio.

Negócios à parte, já se passaram quase 560 anos desde a Bíblia de Gutemberg – o início da impressão de livros em massa, que gerou, segundo o comunicólogo Marshall McLuhan, um poderoso efeito que dominaria a nossa cultura (a "Galáxia de Gutemberg") até o advento da mídia eletrônica – e o livro em sua versão convencional continua parte integrante de nossa vida.

Fala-se muito nos e-books e surgiu até um híbrido que mistura papel e computador, exemplificado pelo romance policial Grau 26 – A Origem do Mal, de Anthony Zuiker, que chega ao Brasil em novembro: a cada 15 ou 20 páginas do livro, o leitor é convidado a entrar num site para assistir a um filme de alguns minutos no qual a trama avança, com atores representando personagens do romance de papel.

Outra notícia recente que chamou a atenção foi um projeto em que a vida imita a arte. Lembra o filme de François Truffaut Fah­ren­heit 451, baseado numa ficção científica de Ray Bradbury, em que os livros são banidos da Terra e sua sobrevivência é garantida por pessoas que se tornam livros humanos. Pois bem, já chegou ao Brasil a Biblioteca Viva, ideia de uma ONG da Dinamarca, a Stop the Violence, em que pessoas per­­seguidas por discriminação ou preconceito se tornam livros vivos e contam suas histórias aos leitores.

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