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Os ótimos Woody Harrelson e Ben Foster são “anjos da morte”, encarregados de dar más notícias | Divulgação
Os ótimos Woody Harrelson e Ben Foster são “anjos da morte”, encarregados de dar más notícias| Foto: Divulgação

O longa-metragem O Mensageiro deveria ser visto em sessão dupla com Guerra ao Terror, por mais indigesto que o programa acabasse se tornando para o espectador. Ambos têm como pano de fundo a controversa cruzada norte-americana no Iraque e no Afeganistão, mas centram seu foco principalmente no impacto que essas ações militares têm sobre corações e mentes no front e no âmbito doméstico.

Enquanto o longa-metragem de Kethryn Bigelow retrata o cotidiano tenso de um esquadrão de antibombas no Iraque, o competente filme do estreante Oren Moverman acompanha a trajetória do sargento Will Montgomery, vivido pelo supertalentoso Ben Foster (da série X-Men e do western Os Indomáveis). Ferido em ação, ele retorna como "herói" aos Estados Unidos e. nos últimos meses que lhe restam no Exército, recebe uma missão para lá de difícil: é designado a integrar a equipe de oficiais que comunicam a morte de homens e mulheres em combate a seus entes queridos.

Para o cumprimento dessa árdua tarefa, há todo um procedimento padrão que deve ser seguido à risca. Um roteiro de frases feitas a serem decoradas, sem falar de gestos e ações detalhadamente recomendados. E, se não bastasse todo o estresse emocional de ter de informar algo tão doloroso, notícia muitas vezes recebida com agressividade, além do já esperado desespero, Will tem como chefe imediato o capitão Tony Stone (Woody Harrelson, indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante por seu estupendo desempenho).

Stone é um sujeito tosco, cuja experiência bélica limita-se a uma breve estada no Kuwait, durante a campanha contra o Iraque chamada de Tempestade no Deserto, no início dos anos 90. Ex-alcoolatra e a um passo da psicopatia, o oficial espera que Will se transforme em um boneco programado no trabalho e em seu companheiro de baladas nas horas vagas. Tenta convencê-lo a suprimir toda e qualquer emoção no cumprimento de suas tarefas e a cair na vida fora do trabalho.

O ótimo roteiro, também indicado ao Oscar, acerta ao investigar a subjetividade de Will, procurando explorar os efeitos colaterais que a traumática experiência vivida no campo de batalha teve sobre seu estado emocional. Ao voltar para casa, ele reencontra a a ex-namorada de adolescência (Jena Malone, de Na Natureza Selvagem) noiva de outro homem e não tem ninguém a quem possa recorrer. Endurecido pelo front, ele passa horas só, ouvindo heavy metal e amargando sua solidão. Até conhecer Olivia (Samantha Morton, de Poucas e Boas), uma mulher a quem teve a incumbência de dar a notícia da morte do marido. Esse encontro acende uma luz tímida no fundo da escuridão em que está imerso.

Embora se estenda um pouco além do que deveria, O Mensageiro é um filme repleto de qualidades. Conta uma história humana perturbadora sem jamais resvalar no sentimentalismo ou na patriotada; conta com excelente elenco e denuncia o absurdo da guerra de uma perspectiva original. Assim como Guerra ao Terror. GGG1/2

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