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Nerds que viram a mesa não são uma novidade no cinema. Desde A Vingança dos Nerds (1984), os excluídos do universo estudantil usam suas habilidades para derrubar a típica divisão americana entre vencedores e perdedores. A comédia Napoleão Dinamite, agora em DVD por aqui, é mais um reforço nesse exército de heróis improváveis. Com um porém: ao contrário de seus antecessores, o personagem-título não é engraçado, vai mal nos estudos e tampouco manja de computadores. Um loser completo, solitário em seu mundinho de manias estranhas.

Entre humilhações na escola e o desprezo da família, o adolescente Napoleão (John Hedder) passa os dias desenhando criaturas imaginárias e cuidando da lhama (?) de sua avó (Sandy Martin), que quase nunca está em casa. Há ainda o irmão mais velho, Kip (Aaron Ruell), um nerd "veterano" de 30 anos cuja única atividade é passar o dia namorando à distância, via internet. Não fica claro o que aconteceu com os pais do garoto, mas a ausência deles já dá uma pista de suas carências.

A rotina de Napoleão só é alterada com a chegada de um novo aluno na escola, o mexicano Pedro (Efren Ramirez). Num primeiro momento, os dois ficam amigos mais por uma questão de sobrevivência do que de afinidade. Imagina o que é ser, ao mesmo tempo, nerd e hispânico numa escola careta dos EUA?

Quando Pedro resolve se candidatar à presidência do grêmio escolar, Napoleão se engaja imediatamente na campanha. E é ele quem vai socorrer o amigo no ponto alto da história, ao transformar seu jeito atrapalhado em "estilo". (Não dá para contar mais, até porque essa é a única trama de um filme de silêncios constrangedores e atmosfera levemente irreal, baseado em situações corriqueiras vividas pelo protagonista)

E a exemplo do triunfo final do personagem, os envolvidos na produção de Napoleão Dinamite também conheceram o sucesso após um período difícil. Estreante na direção, o nerd assumido Jared Hess praticamente tirou do bolso boa parte dos US$ 400 mil consumidos na filmagens – realizadas com atores desconhecidos e finalizadas em um computador caseiro. O reconhecimento só viria após a exibição de Napoleão no festival de Sundance, onde foi ovacionado e, em seguida, comprado pela gigante Fox.

A companhia preparou sua distribuição e faturou US$ 40 milhões apenas nas bilheterias. Hess, por sua vez, passou a ser cortejado e já dirigiu uma comédia de grande orçamento (Super Nacho, inédita por aqui). Até a pequena cidade de Preston, no Idaho, terra do cineasta e cenário do filme, aproveitou-se do estouro. Inventou um Festival Napoleão Dinamite e agora cobra para guiar os visitantes por um passeio entre as locações. Provas de que, apesar de sufocados por uma cultura competitiva, os excluídos também podem virar a mesa na vida real. GGG1/2

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