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Literatura

O outro lado do jovem Sergio Yacoubian

Em Sergio Y. Vai à América, de Alexandre Vidal Porto, um psicoterapeuta experiente se vê diante de um caso que coloca sua autoconfiança em jogo. O livro venceu o Prêmio Paraná de Literatura

Alexandre Vidal Porto cria uma narrativa enxuta e sofisticada | Ryan Stevenson/Divulgação
Alexandre Vidal Porto cria uma narrativa enxuta e sofisticada (Foto: Ryan Stevenson/Divulgação)
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Vencedor da categoria de melhor romance do Prêmio Paraná de Literatura em 2012, Sergio Y. Vai à América legitima o concurso promovido pela Secretaria de Estado da Cultura. Recém-lançado pela Companhia das Letras, o livro do escritor paulista Alexandre Vidal Porto, que também é diplomata, é um achado. Com uma narrativa enxuta, mas sofisticada e envolta em mistério, captura o leitor logo nas primeiras páginas e não o solta até o desfecho.

O narrador e protagonista da trama é um médico psiquiatra experiente, de nome Armando, um homem viúvo que vive uma existência solitária em São Paulo – a única filha faz mestrado na Universidade de Columbia, em Nova York. A história tem como ponto de partida o encontro entre ele e Sergio Yacoubian, um adolescente de 17 anos de classe média alta, sensível e inteligente, que busca na psicoterapia uma explicação para sua tristeza.

Embora seja um aluno aplicado, tenha um relacionamento aparentemente harmonioso com os pais, algo lhe falta. E sua esperança é encontrar uma resposta para esse vazio nas sessões com Armando, que também se afeiçoa ao rapaz, e se torna para ele uma espécie de desafio.

Tudo parece ir muito bem até que, depois de retornar de uma viagem a Nova York, Sergio anuncia ao terapeuta que acredita ter encontrado o que buscava e que deseja interromper o tratamento. Mais: pretende se mudar para os Estados Unidos. A ruptura frustra Armando, que não consegue compreender os motivos por trás da decisão abrupta do jovem paciente. Mas aceita.

O tempo passa. Em um encontro com a mãe de Sergio, Armando descobre que o ex-paciente está bem e feliz, prestes a abrir um restaurante em Nova York. Ela lhe agradece por tudo que fez pelo filho, mas Armando não sabe ao certo como reagir a tanta gratidão: o que ele teria feito, afinal, pelo rapaz? Há muitas perguntas sem respostas para que ele se sinta contente.

Meses mais tarde, Armando lê no jornal uma notícia que o desestabiliza: Sergio teria sido assassinado, lançado da janela de seu apartamento em Manhattan. O psiquiatra não se conforma com o fato e se, mesmo antes da morte do rapaz, já encontrava dificuldades em aceitar o distanciamento abrupto, agora tem certeza de que não ficará em paz se não descobrir o que, de fato, teria ocorrido na vida dele desde que se viram pela última vez.

Essa obsessão leva Ar­­­mando a um trabalho de investigação que o conduz a uma revelação surpreendente, com impacto traumático sobre o psiquiatra: ele passa a questionar não apenas o processo terapêutico, mas sua própria competência. Essa crise, aos poucos, o aproxima da verdade de Sergio, muito surpreendente, em uma obra que, apesar de relativamente curta, envolve uma jornada tortuosa que atravessa as vidas desses dois personagens. GGGG

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