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Música

O palco como vocação

Maria Bethânia apresenta sábado (5), no Guairão, seu novo show, Amor Festa Devoção

“Preciso saber o que estão pensando, sentindo. Nossa música é muito rica, há muito talento em todo lugar. O Brasil é uma usina de criação musical.” Maria bethânia, cantora | Mayra Bernardina e Inés Antich/Divulgação
“Preciso saber o que estão pensando, sentindo. Nossa música é muito rica, há muito talento em todo lugar. O Brasil é uma usina de criação musical.” Maria bethânia, cantora (Foto: Mayra Bernardina e Inés Antich/Divulgação)
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"Se um dia eu não puder cantar em público, ao vivo, não sei o que vou fazer." Saída da boca de Maria Bethânia, em entrevista à Gazeta do Povo, por telefone, essa confissão toca fundo. Lem­­bra que nada é eterno. E é por conta dessa certeza que a cantora baiana, aos 63 anos, não quer saber de ficar quieta. É das artistas mais ativas da música popular brasileira. A produção de Bethânia nesta década ates­­ta essa febre criativa: desde 2000, 11 álbuns (de estúdio e ao vivo) e 7 DVDs – entre eles o documentário Doces Bárbaros (1977) e o show As Canções Que Você Fez para Mim (1994). Em 2009, ela lançou, simultaneamente, os CDs Tua, segundo Bethânia uma reunião de "canções apaixonadas", e Encanteria, cujas faixas são interligadas por letras e melodias sobre fé e religiosidade.

O dois discos servem de base para o repertório do show Amor Festa Devoção, que chega ao Guai­­rão no sábado, dia 5. Mas o espetáculo, enfatiza Bethânia, não é uma extensão dos discos. É uma obra autônoma.

Quem acompanha a cantora em seus mais de 40 anos de carreira sabe que, no palco, seu brilho é mais intenso. São várias as explicações para essa dependência boa que diz ter do espaço cênico: a comunhão com o público, a tensão e a temperatura da apresentação ao vivo e, sobretudo, a teatralidade que pode agregar aos espetáculos.

Desde que, em 1967, ao trabalhar com o diretor teatral Fauzi Arap, incorporou ao roteiro de seu show um longo texto da escritora Clarice Lispector, Bethânia nunca mais deixou de unir a música à palavra como forma de expressão artística em seus shows. Em Amor, Festa, Devoção não é diferente. Além de "Olho de Lince", de Wally Salomão (1943-2003), no primeiro ato, a cantora recorre ao verbo duas outras vezes, ambas na segunda parte do espetáculo. Primeiro em "Mãe Canô", homenagem de Bethânia à mãe, a quem Amor Festa Devoção é dedicado. Depois, em "Caboclo Brasil", texto da artista que reforça o caráter devoto do roteiro.

Dona Canô não é a única da fa­­mília Telles Veloso a se fazer presente sobre o palco. O fio que costura o show, roteirizado por Bethânia e Arap, é a música do mano Caetano. Ao todo, há cinco canções de sua autoria no repertório do show: "Queixa", "Dama do Cassino", "Drama", "Não-Iden­tificado", Pronta prá Cantar".

Dentre as centenas de composições que já gravou, Bethânia sem­­pre busca mesclar ao material inédito canções que pinça no passado. Desta vez, ela resgata do álbum clássico Drama (1972), a fai­­xa-título (composta por Cae­­tano) e "Bom-Dia" (de Herivel­to Mar­­tins). Ainda da década de 70, estão no show "Vida" (de Chico Buar­­que) e o supersucesso "Explode Coração" (de Gonzaguinha, também presente com "O Que É, o Que É"), do disco Álibi. Na mesma linha romântica, onipresente no álbum Tua, Bethânia revisita a popular "É o Amor", de Zezé di Camargo.

A direção e a cenografia de Amor Festa Devoção são de Bia Lessa, que rendeu-se às rosas vermelhas para compor o tom amoroso do show, que tem iluminação do premiado diretor de fotografia Lauro Escorel (de O Beijo da Mulher Aranha).

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