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“Preciso saber o que estão pensando, sentindo. Nossa música é muito rica, há muito talento em todo lugar. O Brasil é uma usina de criação musical.” Maria bethânia, cantora | Mayra Bernardina e Inés Antich/Divulgação
“Preciso saber o que estão pensando, sentindo. Nossa música é muito rica, há muito talento em todo lugar. O Brasil é uma usina de criação musical.” Maria bethânia, cantora| Foto: Mayra Bernardina e Inés Antich/Divulgação

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Novo repertório

Usina de boa música

Fazer um disco novo é assunto sério para Maria Bethânia. Como adora gravar canções inéditas, descobrir compositores, a cantora costuma receber centenas de música e se dedicar com afinco à triagem e seleção do repertório. A safra recebida para o disco Tua, lançado neste ano, foi tão farta e rica que ela decidiu fazer outro álbum, Encanteria, cujas faixas têm em comum a temática da fé e da devoção.

Para Bethânia a possibilidade de se conectar com jovens criadores é um dos motores de sua carreira. "Preciso saber o que estão pensando, sentindo. Nossa música é muito rica, há muito talento em todo lugar. O Brasil é uma usina de criação musical." Entre as músicas de Tua que estão no repertório de Amor Festa Devoção, ela destaca o que chama de "luminosidade" de "Fonte" (Saul Barbosa/Jorge Portugal), cujo arranjo tem um arrepiante solo de trumpete. Em Encanteria, Bethânia cita, com entusiasmo na voz, "Estrela", do mineiro Vander Lee, uma canção pela qual diz ter se apaixonado de cara. (PC)

"Se um dia eu não puder cantar em público, ao vivo, não sei o que vou fazer." Saída da boca de Maria Bethânia, em entrevista à Gazeta do Povo, por telefone, essa confissão toca fundo. Lem­­bra que nada é eterno. E é por conta dessa certeza que a cantora baiana, aos 63 anos, não quer saber de ficar quieta. É das artistas mais ativas da música popular brasileira. A produção de Bethânia nesta década ates­­ta essa febre criativa: desde 2000, 11 álbuns (de estúdio e ao vivo) e 7 DVDs – entre eles o documentário Doces Bárbaros (1977) e o show As Canções Que Você Fez para Mim (1994). Em 2009, ela lançou, simultaneamente, os CDs Tua, segundo Bethânia uma reunião de "canções apaixonadas", e Encanteria, cujas faixas são interligadas por letras e melodias sobre fé e religiosidade.

O dois discos servem de base para o repertório do show Amor Festa Devoção, que chega ao Guai­­rão no sábado, dia 5. Mas o espetáculo, enfatiza Bethânia, não é uma extensão dos discos. É uma obra autônoma.

Quem acompanha a cantora em seus mais de 40 anos de carreira sabe que, no palco, seu brilho é mais intenso. São várias as explicações para essa dependência boa que diz ter do espaço cênico: a comunhão com o público, a tensão e a temperatura da apresentação ao vivo e, sobretudo, a teatralidade que pode agregar aos espetáculos.

Desde que, em 1967, ao trabalhar com o diretor teatral Fauzi Arap, incorporou ao roteiro de seu show um longo texto da escritora Clarice Lispector, Bethânia nunca mais deixou de unir a música à palavra como forma de expressão artística em seus shows. Em Amor, Festa, Devoção não é diferente. Além de "Olho de Lince", de Wally Salomão (1943-2003), no primeiro ato, a cantora recorre ao verbo duas outras vezes, ambas na segunda parte do espetáculo. Primeiro em "Mãe Canô", homenagem de Bethânia à mãe, a quem Amor Festa Devoção é dedicado. Depois, em "Caboclo Brasil", texto da artista que reforça o caráter devoto do roteiro.

Dona Canô não é a única da fa­­mília Telles Veloso a se fazer presente sobre o palco. O fio que costura o show, roteirizado por Bethânia e Arap, é a música do mano Caetano. Ao todo, há cinco canções de sua autoria no repertório do show: "Queixa", "Dama do Cassino", "Drama", "Não-Iden­tificado", Pronta prá Cantar".

Dentre as centenas de composições que já gravou, Bethânia sem­­pre busca mesclar ao material inédito canções que pinça no passado. Desta vez, ela resgata do álbum clássico Drama (1972), a fai­­xa-título (composta por Cae­­tano) e "Bom-Dia" (de Herivel­to Mar­­tins). Ainda da década de 70, estão no show "Vida" (de Chico Buar­­que) e o supersucesso "Explode Coração" (de Gonzaguinha, também presente com "O Que É, o Que É"), do disco Álibi. Na mesma linha romântica, onipresente no álbum Tua, Bethânia revisita a popular "É o Amor", de Zezé di Camargo.

A direção e a cenografia de Amor Festa Devoção são de Bia Lessa, que rendeu-se às rosas vermelhas para compor o tom amoroso do show, que tem iluminação do premiado diretor de fotografia Lauro Escorel (de O Beijo da Mulher Aranha).

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