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Zé Ramalho apresenta seu novo show em Curitiba | Divulgação/Grupo Jam
Zé Ramalho apresenta seu novo show em Curitiba| Foto: Divulgação/Grupo Jam

Em seu primeiro longa-metragem, o bem-intencionado De Passagem, o cineasta paulista Ricardo Elias mergulhou na urbanidade paulistana, usando-a quase como personagem da trama, politicamente correta demais. Agora, com o premiado Os 12 Trabalhos, que estréia hoje no Cine Novo Batel, o diretor continua fazendo de São Paulo o seu cenário – e, desta vez, por meio do ponto de vista de um dos seus personagens mais típicos: o motoboy.

Livremente baseado na história mitológica dos 12 trabalhos de Hércules, o longa-metragem conta a trajetória de Heracles (Sidney Santiago, melhor ator no Festival do Rio e no Cine PE), rapaz da periferia que tenta reconstruir sua vida depois de sair sair da Febem.

Com a ajuda do primo Jonas (o ótimo Flávio Bauraqui, atualmente no ar na novela Paraíso Tropical, da Rede Globo), Heracles consegue uma oportunidade em uma empresa de entregas. Para permanecer no serviço, contudo, terá de cumprir uma missão: correr muito para efetivar os tais 12 trabalhos que dão título ao filme.

Grande parte das imagens de Os12 Trabalhos foi captada pelas ruas e avenidas movimentadas de São Paulo, com seu característico tráfego intenso. A opção foi pela câmera na mão, recurso utilizado para reforçar o tom realista da narrativa, dando ao espectador de estar "dentro do filme".

A naturalidade e a desenvoltura do elenco, que pesquisou a forma de falar no universo retratado, também são pontos fundamentais para emprestar ao filme um ar realista, colocando o espectador lado a lado a Heracles em sua inglória jornada urbana.

Um avanço em relação a De Passagem é o fato de o diretor não ter caído na tentação de fazer de seu filme um tratado sociológico ou um manifesto politicamente correto. Elias nos poupa do já cansativo e lugar-comum de confrontar periferia e burguesia. Os 12 Trabalhos é cru – e isso, acreditem, é uma de suas grandes qualidades.

Espera-se que, em uma sala de exibição como o Novo Batel, que dá aos filmes tempo de conquistar seu público, Os 12 Trabalhos encontre a platéia que, em cinemas mais comerciais, simplesmente ignora o cinema brasileiro mais autoral.

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