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No filme Amor sem Escalas (2009), estrelado por George Cloney, marcas de hotel, aluguel de carros e companhia aérea fazem parte da história | Divulgação
No filme Amor sem Escalas (2009), estrelado por George Cloney, marcas de hotel, aluguel de carros e companhia aérea fazem parte da história| Foto: Divulgação
  • Cena do filme O Náufrago, de Robert Zemeckis (2000). Merchandising da companhia FedEx e da bola de vôlei Wilson se insere na trama com naturalidade

Desde seu surgimento, a televisão sempre foi a grande vitrine da publicidade nacional. Mas a chegada da tecnologia digital promete revolucionar os "reclames do plim-plim" e das outras emissoras. Além de possibilitar outros formatos que fogem do clássico comercial de 30 segundos, a interatividade e a convergência de mídias serão as palavras-chaves da nova era.

Digamos que uma loja de biscoitos caseiros do Alto da XV, em Curitiba, pretenda anunciar seu produto a mulheres daquele bairro com idade entre 18 e 60 anos. Dentro de pouco tempo, isso será possível, utilizando o principal eletrodoméstico da casa. Há cerca de um ano e meio vem sendo desenvolvido no país o Targ.TV, plataforma destinada a emissoras de tevê digital veicularem propaganda segmentada a partir da criação de perfis de telespectadores.

Até agora, o piloto permite segmentar por região, faixa etária e gênero, mas o objetivo é flexibilizar ao máximo, podendo atingir telespectadores de um determinado estilo de programa, por exemplo.

O engenheiro de telecomunicações Maurilio Alberone, sócio e diretor da empresa carioca Peta5, que está por trás da novidade, conta que as principais vantagens da televisão digital são a alta definição de som e imagem, portabilidade – que permite acesso ao sinal em celulares, tevês em ônibus, etc. –, multiprogramação, com um único canal podendo transmitir mais de um programa à escolha do telespectador e permitindo, finalmente, a interatividade. "Torna-se possível interagir com o conteúdo a partir do controle remoto, realizar compras, visualizar notícias, movimentar contas bancárias, etc."

Coisa do futuro? Fora do Brasil, já é realidade. Programas co­­mo o Test the Nation, em que o telespectador responde a perguntas usando o controle remoto, fazem grande sucesso na Inglaterra e no Canadá. Sem falar nos advergames, jogos com o objetivo de promover uma marca, e a venda de produtos pela própria tevê, o que favorece ainda mais a compra por impulso.

"A oferta de programas e publicidade interativos ainda é tímida porque há poucos telespectadores aptos a consumi-la, pois requer a recepção por uma televisão ou conversor set-top box com essa característica. Mas novos aparelhos estão sendo lançados nos últimos meses e os preços estão cada vez mais acessíveis", explica Alberone.

Segundo ele, o comercial padrão de 30 segundos ainda se manterá por algum tempo, já que é um modelo consolidado por décadas. "Mas o anunciante está diante de uma nova plataforma de comunicação, com muitos recursos tecnológicos e que demanda novos modelos comerciais. Em breve, ele poderá veicular campanhas interativas visando não só à audiência como também ao engajamento do telespectador", diz.

O esmalte da novela

Formas evoluídas e mais inteligentes de merchandising – com uma história inteira apoiada em uma marca, ao invés da breve inserção de produtos no meio da trama – são outra tendência da publicidade na telinha doméstica.

Victor Afonso, diretor de criação da agência curitibana Master, cita como exemplo a série norte-americana Big Love (exibida no Brasil pelo canal pago HBO), em que um mórmon polígamo de meia-idade recorre ao Viagra para dar conta de suas esposas. "As chances de alguém ‘comprar’ um merchandising como esse são muito maiores. Pouca gente lembra do produto de beleza anunciado ontem pela protagonista da novela das nove, mas ninguém esquece da bola Wilson do filme O Náufrago", compara.

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