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Do silêncio ao palco: Carpinejar usa todos os espaços para veicular a sua produção | J. Egberto/Divulgação
Do silêncio ao palco: Carpinejar usa todos os espaços para veicular a sua produção| Foto: J. Egberto/Divulgação

Carpinejar, muito mais do que um sobrenome artístico, é uma grife literária - que identifica um dos mais conhecidos poetas brasileiros da contemporaneidade. Fabrício, filho dos poetas Carlos Nejar e Maria Carpi, que se separaram, tentou os reunir via fusão de sobrenomes e, assim, inventou a palavra que o distingue. Aos 35 anos, é praticamente uma onipresença na malha literária brasileira. No primeiro semestre, esteve em 25 cidades de seis estados brasileiros – como palestrante. O blog fabriciocarpinejar.blogger.com.br já foi visitado por mais de meio milhão de internautas. E ali, na vitrine virtual, além da visibilidade, aprimoraria a verve de cronista.

"A crônica tem potencial comunicativo." Com esta frase, Carpinejar definiu o gênero, em meio à entrevista que concedeu a Gazeta do Povo. Ele estava na capital paulista para realizar palestras e divulgar seu mais recente livro, Canalha!, coletânea de crônicas. "Procuro multiplicar milagres no óbvio." Da extrema loquacidade, Carpinejar migra para silêncios, de onde retorna com idéias-força: "Escrevo crônicas para reequilibrar a importância das coisas".

Carpinejar transforma todo e qualquer assunto, e mesmo a falta de mote, em crônica. O dia que nasce. O ciúme que chega, passa e retorna. O bate-papo no bar. "A crônica é uma alfândega." Logradouro, espaço-tal em que Carpinejar filtra as suas mais inconfessáveis obsessões que, então, se tornam públicas. Ele frisa, com ênfase, que – diferentemente do conto, que deve trazer duas "estórias" (uma oculta) –, à crônica basta um enredo, e direto. E assim ele pratica, no mínimo, a cada três dias no blog e, ainda, em outros espaços impressos.

Um fosso de lirismo

"A crônica não é e não pode ser jornalismo, mas um fosso literário dentro do jornal", diz o poeta que se metamorfoseou em cronista e que, além do blog, tem alguns textos veiculados, com regularidade, nas páginas de O Estado de S.Paulo. "Na crônica, cabe o que não é jornalismo, como os sentimentos fora de hora." E ele se deixa levar (e arrebatar) pelos sentimentos o tempo todo, da mesma maneira que se permite pensar, livre e inesperadamente, por 24 horas, todos os dias. "Desde que tenho memória, sou assim."

Carpinejar vive em sua cidade natal, Caxias do Sul (RS), hoje com 200 mil habitantes. "Lá, resolvo a vida em dez quadras." Passa todo dia em frente a uma igreja. Uma vez por semana, joga pelada, vai ao cinema e pulsa, em poesia e prosa, com os amigos. Sua agenda sinaliza haver pouco tempo para o ócio. É o coordenador do curso de Formação de Escritores e Agentes Literários e professor do curso de Formação de Músicos e Produtores de Rock, ambos na Unisinos (RS). Mantém um blog chamado Consultório Poético, assina a coluna Primeiras Intenções, na revista Crescer. "E, como tenho cadeira cativa no Olímpico, ainda vejo, sempre que posso, jogo do Inter."

Ele ainda é comentarista na Rádio Itapema FM, entre outras muitas ações, fora a vida pessoal e familiar. "Não posso cometer crimes. Os horários não fecham." Sua imaginação não descansa. "A imaginação hidrata."

Serviço:

Canalha! Fabrício Carpinejar. Bertrand Brasil. 315 págs. R$ 34,71.

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