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"Pow!", "Grrrr!", "Ohhhh!" e "Boom!" são apenas alguns dos sons que a sua imaginação poderá ouvir enquanto passeia pelos corredores do Museu Oscar Niemeyer (MON) a partir de amanhã. Isso porque o espaço abre uma exposição de obras do artista plástico nova-iorquino Roy Lichtenstein, que, ao lado de outros americanos, como Andy Warhol e Robert Rauschemberg, foi um dos pais da pop art, movimento de redefinição dos limites conceituais da arte contemporânea a partir da década de 60.

Vida Animada, primeira exposição individual do artista no Brasil, esteve em cartaz até o mês passado no Instituto Tomie Othake, em São Paulo, e permanece em Curitiba até março de 2006. Organizada pela crítica de arte Nessia Leonzini, com curadoria de Lisa Phillips, diretora do New Museum of Contemporary Art, de Nova Iorque, a mostra reúne 78 trabalhos, entre desenhos e colagens, que representam os mais de 35 anos da trajetória profissional do pintor.

A arte pop surgiu no fim da década de 50 por meio de um grupo de artistas norte-americanos e britânicos, que passaram a usar como temas de suas obras símbolos do consumo e da cultura popular dos Estados Unidos. O principal objetivo do movimento era questionar a massificação da sociedade, causada pela indústria da publicidade e pelo senso comum. Eles recuperaram as características da arte figurativa, em uma época dominada pelo expressionismo abstrato, e incorporaram em seus trabalhos elementos da estética popular da televisão, do cinema e da fotografia.

Lichtenstein se aproximou, principalmente, da linguagem dos quadrinhos, cartuns e animações para expressar as suas críticas. As onomatopéias eram facilmente encontradas em telas, títulos ou então subentendidas em algumas obras. É o caso do desenho "The Gun in America", em que um revólver fumegante é apontado em direção ao espectador. É quase impossível não ouvir o "Bang!".

Embora os trabalhos mais famosos do artista, como as gravuras e as telas em acrílico, não façam parte da mostra brasileira, os desenhos e esboços revelam muito de sua personalidade e têm um imenso valor. Os trabalhos que compõem Vida Animada não são exibidos ao público desde o fim dos anos 80.

São apresentadas obras de diferentes períodos de produção do artista, com temáticas variadas. Donas de casa lavando louça, pin-ups em poses sensuais e reproduções ironizadas de personagens da Disney fazem parte de um universo vasto de interpretações do cotidiano, que ainda conta com diálogos e bombas explodindo, sem nenhum contexto.

Gêneros tradicionais, como paisagens e naturezas-mortas, são reinventadas com uma nova linguagem. Em vez de um vaso de flores ou de um cesto de frutas, o artista reproduz um sanduíche e um milk-shake. Em sacadas rápidas e nem sempre compreendidas, principalmente durante os anos em que o movimento estava se estabelecendo, o mundo comum ganhou novas formas, cores e significados.

Embora a exposição tenha chegado ao Brasil com algumas décadas de atraso, as obras não perderam a sua importância e nem a sua atualidade. Os idealizadores do pop entenderam como nunca a essência do agora e por isso ainda são estudados e cultuados pelas novas gerações.

Serviço: Abertura para convidados da exposição Vida Animada – Desenhos de Roy Lichtenstein. Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999), (41) 3350-4400. Hoje, às 19h30. Aberta ao público a partir de amanhã. De terça a domingo, das 10 às 18 horas. Até 5 de março de 2006.

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