"O público do Nordeste é mais sedento por música", diz John Neschling

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A Orquestra Sinfônica de São Paulo (Osesp) é considerada uma das melhores da América Latina. Não é por acaso. É um dos poucos grupos do continente que viaja em turnês nacionais e internacionais para realizar concertos, grava discos, e encomenda músicas inéditas para o grupo. "Em média encomendamos cinco obras por ano", afirmou o maestro John Neschling, em entrevista por telefone para Gazeta do Povo, que chega a Curitiba nesta terça-feira com a Turnê Brasil 2008, no Teatro Positivo.

Apesar dos alguns imprevistos, John Neschling diz que é um prazer enorme fazer essas turnês, principalmente quando passam por cidades que não tem orquestras como Aracaju (SE) e São Luís (MA). "O pessoal pula, comemora. É um sucesso. Para nós é um prazer enorme. O público do Nordeste é um pouco mais sedento, em comparação com uma cidade como Curitiba, que tem a Orquestra Sinfônica, além de outros grupos", comentou o maestro.

Turnê Brasil

A atual turnê reúne cerca de 115 pessoas, entre 100 músicos, maestro e equipe de produção, que percorrem 12 cidades do Brasil com concertos ao ar livre e em teatros. A equipe praticamente tem lotado os vôos de carreira que têm usado. E na maioria dos casos, os instrumentos são enviados separadamente.

"Às vezes, dá problema com a bagagem de mão. Alguns músicos levam seus instrumentos na mão e na maioria das vezes não cabe no espaço destinado", contou o maestro John Neschling. "Mas tem uma equipe de produção competente que me preserva ao máximo desses problemas", comentou o maestro que fica à frente da orquestra até 2010.

Em julho de 2008, a Osesp realizou uma turnê por 12 cidades do interior de São Paulo e desde o início deste mês de novembro está na estrada com a segunda Turnê Brasil. A primeira Turnê Brasil aconteceu em 2004 e passou por Curitiba. Em 2005, a orquestra voltou para capital paranaense com um projeto que percorreu o Cone Sul.

No dia 15 de novembro, feriado nacional em comemoração pela Proclamação da República, a Osesp faz um grande concerto na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Direção

À frente da Osesp desde 1997, John Neschling fez importantes conquistas para a orquestra. Com apoio do Governo do Estado de São Paulo criou o Centro de Documentação Musical Maestro Eleazar de Carvalho, o Serviço de Assinaturas, a Coordenadoria de Programas Educacionais, o Serviço de Voluntários, a editora de partituras Criadores do Brasil, a Academia da Osesp e iniciou uma parceria com as gravadoras BIS e Biscoito Fino para o lançamento de mais de 20 CDs.

"Eu não inventei nada. Só adaptei modelos de orquestras sinfônicas bem-sucedidas no mundo. Com vontade política e investimento do Estado é possível realizar. Mas o Estado teve que investir pesado. Hoje já temos retorno também da sociedade privada, que quando vê bons resultados passa a investir", comentou o maestro.

Saída

Apesar de bem sucedido à frente da Osesp, o maestro anunciou no último mês de agosto que vai deixar a orquestra. "Vou tocar a programação até o final de 2010 e prosseguir com as turnês já programadas", se limitou a dizer o maestro.

Conforme foi publicado na imprensa paulista, o motivo da saída do maestro seria o alto custo das turnês, o que teria criado atrito com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.