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Essa não é uma turnê qualquer, engloba o começo da minha carreira e é quase a primeira, já que o show anterior era muito curtinho. Não queria me despedir sem deixar um registro bem feito. Espero que com esse DVD seja possível levar o show para lugares aonde nunca foi, como Curitiba e Florianópolis.

Você assina a melodia da inédita "Agora Sim", em parceria com o Pedro Luís e o Carlos Rennó, mas não costuma compor muito. Pretende se dedicar mais à tarefa?

Não me considero compositora, sou uma cantora que às vezes faz uma contribuição. Minha vocação é escolher canções. Essa sim é uma paixão. Descobrir músicas que vão ficar bem na minha voz e que eu goste de cantar é o melhor trabalho do mundo.

Além do Pedro Luís, quem são os compositores com quem trabalha mais de perto?

O Lula Queiroga, por exemplo. Eu havia pedido uma nova música para o meu segundo disco e ele mandou "Belo Estranho Dia de Amanhã". Eu já queria fazer um disco com alegria e humor. Mas é tanta barbaridade todo dia, a gente lê tanta tragédia. Eu não sabia como falar de alegria num mundo desses. O Lula soube. Isso definiu aquele disco inteiro e agora o DVD.

Você se cercou de contemporâneos mas tem também o respaldo de veteranos. Pensa nesse equilíbrio do novo e do antigo ao montar o repertório?

Eu gosto de juntar as minhas referências mais antigas com as que eu venho adquirido ao longo da minha carreira. É como montar um quebra-cabeça mesmo. Dentro de toda a história da música brasileira e de tudo que está acontecendo agora, onde é que eu estou?

No seu site, você diz que é difícil ser cantora em um país de divas. Com quem se identifica?

Gal, Elis, Bethânia. Cada projeto da Bethânia é muito especial, ela não grava nada à toa e não tem medo do mercado. Acho isso maravilhoso, uma cantora que se importa com sua arte. Eu, obviamente, me miro nessas cantoras. Desde Linda Batista e Carmem Miranda.

Você participou de um reality show e emplacou música em novela antes de lançar seu primeiro disco. É curioso que, apesar desse apelo de público inicial, não tenha buscado o mesmo caminho na hora de lançar o Braseiro.Quando o Fama aconteceu, eu tinha 21 anos e não era cantora. Depois que saí do programa, meu caminho normal foi terminar a faculdade de Jornalismo. As coisas na minha carreira aconteceram de uma maneira muito natural – não que eu não trabalhe muito, diariamente, para que aconteçam. Mas não foi de caso pensado. Entreguei uma demo ao Gilberto Braga e ele me convidou para cantar "A Vizinha ao Lado" em Celebridade. Quando consegui a parceria com meu selo (Mp,B), meu empresário falou que havia dois jeitos de fazer o disco: correndo para aproveitar a novela ou com calma. Preferi com calma. Quando você faz correndo para aproveitar qualquer coisa externa, acaba se perdendo. Desde esse momento, eu lancei o meu olhar para a qualidade e o acabamento.

Fala-se muito atualmente nas "novas cantoras" da MPB. Existe algo em comum entre vocês ou é só a coincidência geracional?

Não consigo enxergar só esse grupo de cantoras isolado que as pessoas enxergam. Acho uma visão deturpada. Existem cantoras fabulosas, mas falta lançar um olhar sobre os cantores, como Moysés Marques e Alfredo Del-Penho, e os músicos, como Hamilton de Holanda e Yamandú Costa. Quem perde sem isso é a gente. (LR)

Leia mais no Blog do Caderno G (www.gazetadopovo.com.br/blog/blogdocadernog)

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