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Os amigos João Anzolin, Diogo Dreyer e Raul Arguillera encontram-se toda quinta-feira para participar da festa Hang the DJ, no bar Vox, em Curitiba. Mas não é preciso estar lá para assistir ao desempenho dos residentes e dos convidados. Basta acessar o site www.groovechannel.com.br no horário certo (às 21 horas das quintas-feiras) para conferir as performances ao vivo. A transmissão não conta apenas com as batidas em áudio, mas, também, em vídeo. Depois, o programa é convertido para um podcast, o que permite que qualquer usuário de internet no mundo descarregue o programa em seu computador e ouça quando quiser.

Dreyer, jornalista de profissão, conta que a iniciativa surgiu a partir de uma coluna que mantém no site Paraná On-line. "A idéia era fazer um programa de rádio sem precisar de rádio. Tocar coisas diferentes, novas", conta. O podcast semanal já está em sua 18.ª edição. A última transmissão contava com a participação do DJ Rodrigo Carreira. "Ele é um cara que as pessoas ligadas à música eletrônica gostam. Então a gente deixou ele tocando. Mas, o programa não é sempre desse jeito", diz Dreyer. Normalmente, cada integrante da equipe prepara algo e leva para a gravação. Eles estimam que entre 150 e 200 pessoas assistam ao Hang the DJ toda semana. Para o jornalista, o podcast abre novas portas para quem está interessado em divulgar (ou escutar) uma programação diferenciada a partir de qualquer lugar do mundo. "A gente acaba tendo ouvintes de vários lugares, o que é uma coisa que o rádio não possibilita", diz.

No Brasil, o formato ainda está engatinhando. Mas o fenômeno que tem tomado os Estados Unidos dá índícios das possibilidades da mídia. As transmissões do ex-VJ Adam Curry são escutadas por mais de 10 mil pessoas. O podcaster (como é chamado aquele que faz podcasts) conseguiu patrocínios voluptuosos para seus três programas semanais. Curry trabalhou na MTV americana entre 1987 e 1994 e é um dos maiores incentivadores do podcast. Até foi apelidado de podfather, "pai do podcast", em inglês.

O caso de Marina Butler é ainda mais inusitado. Na semana passada, a menina norte-americana, de apenas 15 anos , fechou um contrato de patrocínio com a MobileCast Media, Inc., empresa especializada em produção, planejamento e distribuição de mídias eletrônicas. "É cada vez mais difícil atingir o público jovem em função das mudanças drásticas nos hábitos de consumo. Patrocinar um podcast é uma maneira excelente de agregarmos o valor à marca", disse John Houghton, presidente da corporação norte-americana, à imprensa. O podcast da menina, que pode ser subscrito em www.emogirltalk.com, é um diário pessoal em áudio contando com boas doses de música emo, um subgênero do hard rock, cada vez mais popular entre os jovens. A audiência do programa e o valor do patrocínio não foram divulgados.

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No Brasil existem tentativas isoladas de abrir novos caminhos com o formato. O programador curitibano Marcelo Subtil Marçal trabalha em um projeto que deverá distribuir músicas de bandas independentes para aqueles que gravam podcasts. A idéia é seguir o modelo do site americano www.music.podshow.com. Lá, os artistas depositam suas músicas nos servidores das páginas, liberando automaticamente os direitos autorais para uso em podcasts.

Os podcasters, por sua vez, recorrem ao acervo para procurar bandas novas e evitar problemas legais. Marçal quer retomar a proximidade que perdeu com a música independente na vida adulta, depois de se tornar especialista em tecnologia da informação. Atualmente, ele mantém dois podcasts, um dedicado ao mundo da tecnologia, e outro que é um quiz show semanal criado para outros podcasters. "Eu faço uma brincadeira de tocar música ao contrário, fazer perguntas, e mando para outras pessoas", conta Marçal.

Para o podcaster curitibano radicado nos Estados Unidos, Eddie Silva, a liberdade é o maior apelo do formato. "Você sozinho, sem um produtor, somente com um microfone na frente do computador, já pode gravar o programa com a pauta que você mesmo criou. Mesmo que seja somente para transmitir notícias lidas da internet, o programa acaba tendo a sua identidade", afirma, lembrando da variedade de propostas que passa por programas dedicados ao teatro, música, esportes e mesmo diários pessoais em áudio.

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