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Assim como árvore e peru de Natal, nada mais tradicional nesta época do ano de que um novo disco de Roberto Carlos. O mais recente trabalho do Rei – intitulado apenas Roberto Carlos, como a maioria de seus registros – chegou às lojas neste fim de semana trazendo várias regravações e apenas uma canção inédita. "Arrasta uma Cadeira", parceria com Erasmo Carlos, levou 14 anos para ficar pronta e tem a participação de Chitãozinho e Xororó. A música já toca nas rádios e dá o tom do CD, voltado principalmente ao estilo sertanejo.

Em entrevista coletiva de imprensa realizada durante a última semana no Rio de Janeiro, RC revelou que o registro sertanejo era um projeto que acalentava desde 2000, mas que foi sendo adiado pelos problemas pessoais que passou nos últimos anos (relacionados à morte da mulher, Maria Rita). Roberto chegou a gravar algumas canções na época e resgatou para o novo CD duas delas: "Índia" (Manuel Ortiz Guerrero/Assuncio Flores), que está na trilha sonora da novela Alma Gêmea, e "Coração Sertanejo" (Neusa e Neon Moraes). "Sempre tive vontade de gravar essa música, desde que a ouvi na novela Rei do Gado", conta o artista sobre a canção, sucesso na voz da Chitãozinho e Xororó em 1996.

O Rei ainda destacou o enorme interesse do público brasileiro pelo sertanejo, que para ele é baseado nas boas letras e intérpretes do gênero: "A qualidade dos cantores é muito grande. Temos Bruno e Marrone, Chitãozinho e Xororó, Zezé di Camargo e Luciano. Isso contribui muito para o sucesso".

Duas regravações do disco de 2005, ambas parcerias de Roberto e Erasmo, prestam homenagem aos 40 anos da Jovem Guarda. "A Volta", sucesso com Os Vips em 1966, estava em uma das várias trilhas sonoras da novela América – segundo o cantor, a nova gravação teve como inspiração o som da banda Dire Straits; "A Promessa", também de 1966, havia sido gravada por Wanderley Cardoso.

Outro registro resgatado é "Meu Pequeno Cachoeiro" (Raul Sampaio), música do disco de 1970, em que o RC homenageia sua cidade natal, Cachoeiro do Itapemirim (ES). Na coletiva, a menção à canção abriu espaço para que o cantor relembrasse sua chegada ao Rio de Janeiro nos anos 50, para tentar fazer carreira na música. "Tinha 14 anos quando cheguei a Niterói. Vim sozinho para cantar em alguns programas de rádio, mas inicialmente não era para ficar", revela, lembrando que acabou ficando em Niterói, passando a se apresentar em várias rádios, sendo descoberto por Carlos Imperial, que depois o apresentou a Chacrinha, que o levou à gravadora Polydor para gravar o primeiro disco. O resto da história todo mundo conhece.

O Rei também gravou "Loving You" (Jerry Leiber/Mike Stoller), conhecida na voz de outro Rei, Elvis Presley. "Todo cantor e compositor fã de Elvis tem vontade de fazer versões de suas músicas. Mas esta canção é difícil. Tentei fazer uma versão, mas não consegui. Pedi para outros compositores, que também não conseguiram. Decidi gravar em inglês mesmo e gostei do resultado", comenta, dizendo que ficou com a música na cabeça desde que viu o norte-americano cantá-la no filme Loving You, de 1957. "Pensei em gravá-la no Acústico (2001), mas acabou dando certo apenas agora", revela.

Completam o novo CD, que tem produção de Guto Graça Mello e Mauro Motta, as músicas "Amor É Mais" (lançada originalmente no CD Amor sem Limite, de 2000) e "O Baile da Fazenda" (do disco de 1998), ambas de Roberto e Erasmo. O trabalho deveria ter ficado pronto no meio deste ano, mas o conhecido perfeccionismo do Rei atrasou mais uma vez a produção. "Como já disse o Sting, a gente não entrega um disco, abandona", destaca, afirmando que sua vontade era ficar mais um ano trabalhando no CD, corrigindo detalhes. "A gente entra no estúdio e começa a ficar exigente, vê coisas que os outros não vêem, quer mexer em tudo. Mas todas as mudanças que fazemos em um disco são sempre para melhor. No fim, todos concordam com isso", continua.

Roberto Carlos novamente não se esquivou de falar sobre o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), doença da qual sofre e que tenta curar por meio de psicoterapia. Ele diz que interrompeu o tratamento no último mês, para finalizar o CD, mas que retornará assim que terminar a divulgação do trabalho.

"Tenho tido bons resultados. Hoje, por exemplo, estou vestindo uma camisa que havia vestido antes apenas uma vez", brinca, lembrando que, antigamente, dificilmente usaria em coletiva de imprensa uma roupa que já não tivesse usado várias vezes, uma de suas muitas "manias". "Não é uma coisa fácil. Acho que o TOC é uma doença e deve ser tratado seriamente, pois complica a vida da gente de uma forma terrível, é uma coisa dramática para quem tem", completa. O Rei confirma que o distúrbio às vezes atrapalha seu processo de composição. "Não é algo muito forte, mas, às vezes, evito usar algumas palavras por causa do TOC, busco outras. Mas o resultado fica até melhor", confessa.

O artista ainda lembrou de Maria Rita durante a entrevista. "Não tenho sonhos materiais. Os sonhos que tenho não se realizam aqui, só lá em cima. Meus planos são continuar o que estou fazendo, cumprir minha missão aqui", lembra, dizendo ainda estar apaixonado pela esposa, morta em 1999.

Mais descontraído, Roberto confessou que andou marombando (como ele mesmo define) recentemente, quando perguntado sobre a foto de camiseta nos pôsteres de divulgação do CD. "Ninguém maromba para vestir um casaco. Pelo menos é para botar uma camisa de manga curta", diverte-se.

Novo show

Roberto Carlos afirma estar preparando um novo show – nos últimos meses, fez algumas apresentações em cruzeiros de navio. Ele não definiu ainda quais música novas e sucessos antigos entrarão no repertório, garantindo apenas que o número com um carro Cadillac no palco deverá ser mantido. O tradicional especial de fim de ano de RC na Rede Globo está programado para a próxima quarta-feira, depois da novela Belíssima.

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