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Os encontros, duos e trios são constantes no espetáculo Boca do Lobo | Bruno Veiga/Divulgação
Os encontros, duos e trios são constantes no espetáculo Boca do Lobo| Foto: Bruno Veiga/Divulgação

Teatro

Veja a programação deste e outros espetáculos no Guia Gazeta do Povo.

Para nós, espectadores sentados em confortáveis poltronas, pode ficar difícil entender o quanto atores e bailarinos se arriscam no palco. Esse é o ponto de partida do espetáculo Boca do Lobo, em cartaz no Teatro da Caixa em Curitiba de sexta-feira a domingo (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo). A companhia de dança contemporânea carioca de Renato Vieira e Bruno Cezario se inspirou nas "loucuras" dos anos 1980 pré-ai­ds, como o amor livre e o uso disseminado de drogas, para abordar a relação do ser humano com o perigo. (A expressão "boca do lobo" era comumente usada naqueles idos para se referir à exposição voluntária a tudo o que é arriscado.)

VÍDEO: Assista a um trecho do espetáculo de dança Boca do Lobo

"Corria-se muito risco naqueles anos. Fazemos uma alegoria daquilo, com muito brilho – até um globo espelhado", contou o diretor Renato Vieira à Gazeta do Povo.

Em cena, seis bailarinos executam números que exigem muito fisicamente, num estado constante de euforia que, por vezes, os deixa sem fôlego – e eles não são impedidos de interromper a coreografia para se recuperar.

"Questionamos a ‘não dança’ [em voga hoje]. O espetáculo é muito dançado, um exagero grande."

Figurinos

A peça dialoga com a memória retrô também na música e no figurino, feito em criação coletiva pelas marcas Neon, Osklen e Blue Man em parceria com Felipe Veloso e Sonia Tomé.

"Fomos contra a ditadura do figurino discreto. É um não compromisso [com o costumeiro]", explica Renato.

A trilha traz, além de The Supremes, Ennio Morricone e Tchaikovski, Elis Regina e seu hit "Dois pra Lá, Dois pra Cá", coreografado por Lennie Dale – amigo da cantora que a influenciou profundamente: a cortar o cabelo curto, a mover os braços em hélice em "Arrastão" etc.

Boca do Lobo lembra a época áurea da canção dramática num duo masculino que cita a sensibilidade de Elis.

Além de lembranças como essa – Dale foi professor de Renato –, o espetáculo mantém, de acordo com o coreógrafo, o tom denso, propondo encontros "de risco", como triângulos amorosos interpretados pelos bailarinos.

A peça estreou há três anos e agora chega a Curi­tiba, onde Renato já dirigiu o Balé Guaíra em Alma Gêmea, mais de uma década atrás. Na ocasião, quando o nu artístico na dança ainda era controverso, os bailarinos Eleonora Greca e Wanderley Lopes se voluntariaram para um duo sem roupas – mas no fundo do palco.

Workshop

O grupo também realiza um aulão de criação, composição e pesquisa coreográfica em dança contemporânea na Caixa Cultural. Será no sábado, das 14 às 17 horas. A entrada é franca e as inscrições devem ser encaminhadas para o e-mail caixacultural08.pr@caixa.gov.br.

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