• Carregando...
Banda Hikaru Squad  com a nova baixista | Johann Knorst - Fotografo/Reprodução Facebook
Banda Hikaru Squad com a nova baixista| Foto: Johann Knorst - Fotografo/Reprodução Facebook

Tente imaginar aquelas cenas clássicas dos vilões gigantes explodindo em chamas e milhões de faíscas enquanto os heróis das séries japonesas ou americanas – tokusatsus como Jaspion, Kamen Ryder ou Power Rangers – fazem pose em câmera lenta sem a trilha sonora. E o momento mais épico do seu anime preferido sem o tema dos personagens? Todo fã de cultura pop japonesa sabe que não funciona, que a música é tão grande quanto um Kyodai Hero (aqueles robôs gigantes).

Com uma legião de fãs que lotam Matsuris (festivais tradicionais celebrados originalmente no Japão) e eventos relacionados ao universo otaku (Shinobi Spirit, Gaijin-No Fest, Meikai J-Fest) os temas de séries e animes são elementos que garantem a explosão do público e colocam em destaque bandas especializadas nesse gênero do J-Rock (rock japonês). Conheça algumas bandas curitibanas dedicadas ao estilo que não podem faltar na sua playlist:

Kanpai

Um dos Pilares do gênero em Curitiba, a Kanpai é uma das pioneiras entre bandas de J-Rock na terra dos pinheirais. Formada em 2008 – mesmo ano em que ocorreram as comemorações do centenário da imigração japonesa no Brasil – com apenas alguns meses de ensaio já chamava a atenção dos organizadores dos eventos comemorativos na cidade e passava a integrar as atrações do primeiro Matsuri que pôde contar com bandas genuinamente curitibanas.

A relação da Kanpai com esses festivais é tão próxima que ela deu início à uma tradição quando um grupo de Matsuri Dance – dança coreografada executada geralmente em festivais – desenvolveu uma apresentação baseada em uma versão de “Honjitsu Wa Seiten Nari”, da banda “Do As Infinity”, e a transformou em indispensável em eventos mesmo a música não pertencendo originalmente ao universo dos animes.

Como observadores privilegiados, a banda observou a cidade passar da proliferação de eventos em virtude do ano festivo para a escassez de palcos abertos devido à temática de nicho, o que desestimula investimentos no segmento e, consequentemente, a formação de novas bandas para fortalecer a cena local.

Gustavo Yamamoto, vocalista e guitarrista, aponta que “quem faz, faz porque gosta. Tem público mas não tem retorno financeiro porque muitas vezes os organizadores dos poucos eventos – geralmente focados em games e cosplay, com interesse puramente lucrativo – querem as bandas de graça, muitos desistem de tocar”, lamenta.

A banda considera que o rock japonês merece o mesmo espaço que outros gêneros possuem no cenário curitibano. A interação mais ampla pode ter como resultado o desejo de aprofundamento do público a respeito de outros aspectos mais tradicionais da cultura japonesa.

Hikaru Squad

Como o brilho do relâmpago que o nome sugere, a banda tem um punch intenso, capaz de derrubar em um único golpe. Criada em 2008, pelo espírito guerreiro dos remanescentes da “It’s Just a Plan” Celso “Samah” (vocal e guitarra) e Raphael “Hiroti” Tadokoro (Guitarra), a formação conta ainda com Joey Becker (bateria), que deixou a cena thrash para apostar no tokusatsu songs, e ainda Lulu Gabriela (baixo), já conhecida da cena pela atuação na Midnight Projekt.

Um dos grandes incentivadores da cena, “Samah” já esteve à frente do Meikai J-Fest, que trouxe a Curitiba bandas de Florianópolis e outras localidades. Tomou contato com o tokusatsu em uma era pré-internet com fitas VHS de Jaspion e Winspector, daí para tentar decifrar as letras foi quase uma evolução natural.

“Hiroti”, o guitarrista mascarado, é o único descendente de japoneses e por isso tomava contato com tokusatsus antes de serem lançados no Brasil (ou que nem chegavam ao público local). Ele é um dos principais responsáveis por transmitir uma “aura japonesa” para os demais integrantes da banda, como lembra Lulu. No repertório (e no gosto pessoal) da banda estão “Chala Head Chala” (abertura de Dragon Ball Z), “Go” (Naruto), “Chicks Dig Giant Robots” (Megas XLR), entre outras (com sotaque no inglês nipônico e tudo o mais).

Midnight Projekt

Com quase dez anos de estrada (e algumas mudanças de formação), o Midnight Projekt é uma espécie de Cavaleiro de Ouro do J-Rock curitibano. Com passagens pelos grandes festivais, enxergam a paixão do público e todas as batalhas que a cena enfrenta.

Simone, tecladista e atual vocalista, considera que “são as pessoas que gostam desse tipo de evento que vão atrás e ajudam a fazer a divulgação. Ainda existe muito preconceito por parte de quem não conhece elementos culturais como os cosplayers – fãs de animes e games que se dedicam à caracterização como o personagem favorito –, por exemplo”.

Nada disso afeta, no entanto o “estilo ninja” dos integrantes, que têm a música e o universo geek-otaku no DNA. Prova disso é o próprio guitarrista Rafael, recém integrado à banda, que admite ter começado a se dedicar à música por conta do Guitar Hero.

E quando a música rola, o instinto veterano da Midnight é o que faz elevar o cosmo do coração dos fãs. Uma das principais preocupações da banda é não fazer uma cópia das canções consagradas nos animes. O segundo guitarrista Fábio lembra que “nós sempre acabamos deixando a música mais pesada. Com um estilo único mas mantendo a atmosfera épica das canções de anime”, comenta. Essa postura harmoniza com o estilo da vocalista que, com frequência, surpreende no palco: “Acho engraçado surpreender as pessoas com vocal gutural, a gente está lá toda ‘bonitinha’ e de repente solta um gutural. É um diferencial da nossa banda”, reflete.

Todos esses elementos são os responsáveis pelos fãs fieis até mesmo em outros estados, que organizam com frequência caravanas para encontros com a banda.

Multiplayers

Inicialmente um grupo de cordas e sopro especializado em música de games, o Multiplayers logo sentiu a necessidade de um level up para acompanhar a tendência do mundo dos jogos de se tornar cada vez mais complexo.

Kevin Moltocaro, clarinetista, lembra que “desde a era dos jogos oito bits é sempre um desafio transpor as canções para um arranjo orquestrado. Primeiramente porque elas eram produzidas em poucos canais, com vozes “pixeladas” [devido à tecnologia da época]. Hoje, o desafio está no fato de que as músicas já são concebidas de maneira orquestrada, transmitem sensações muito mais elaboradas”, reflete.

Pelo pioneirismo, o projeto alcançou rapidamente notoriedade, agregando um arranjador profissional e tendo um papel determinante na realização do espetáculo Games Classic Show, uma apresentação de orquestra completa onde temas de séries de jogos – muitos deles compostos originalmente como rock – como Mário, Sonic, Street Fighter, Final Fantasy, Legend Of Zelda entre outros, ganham versões orquestradas.

E como todo gamer tem o seu desafio favorito, Kevin é aficionado pela série Legend Of Zelda, sendo o principal organizador do evento Zelda Day, em Curitiba. A ideia, popular também em outros países, é celebrar o lançamento da série com a execução dos temas musicais marcantes. Ainda sem data marcada para este ano, Kevin planeja uma edição a nível Paraná.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]