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A trompa é um dos instrumentos mais importantes de uma orquestra. É difícil achar uma sinfonia importante que não use pelos menos duas delas. O som ao mesmo tempo doce e solene já fez o instrumento representar diversos papéis na música: no começo, era associada principalmente a cenas de ação, lembrando a sua origem, ligada à caça. Depois, passou a representar também grandeza: é comum ouvir em trilhas de filmes, por exemplo, trechos de trompa quando aparece um presidente ou um grande homem discursando. Já quando se juntam oito ou dez trompas, a idéia é de uma guerra ou de uma grande conquista.

O curioso é que, apesar de todos os grandes compositores, de Mozart a Brahms, terem usado o instrumento em suas obras sinfônicas, é raro ver alguém tocando trompa como solista. É difícil lembrar, por exemplo, qual foi a última vez em que alguém fez um concerto do instrumento em Curitiba. Pois bem: amanhã, como parte dos Concertos BankBoston, a alemã Marie Luise Neunacker, uma das principais solistas do instrumento no mundo, vem à cidade para uma única apresentação.

Marie Luise tocará música de câmara, ao lado de duas outras instrumentistas alemãs: a violinista Antje Weithaas e a pianista Silke Avenhaus. O programa começa com as três juntas tocando Quatro Peças para Violino, Trompa e Piano, do compositor francês Charles Koechlin. Depois, serão executados três duos. A trompa e o piano fazem Adagio e Allegro, do alemão Robert Schumann, que neste ano é lembrado pelos 150 anos de sua morte, e a peça Lamento d´Orfeo, que o compositor alemão Volker David Kirchner dedicou à trompista. Acompanhada do piano, a violinista toca também a Sonata para Violino e Piano, do francês Maurice Ravel. No fim do programa, as três se juntam novamente para tocar o Trio para Trompa, Violino e Piano em Mi Bemol Maior, opus 40, de Johannes Brahms.

Evitando o óbvio

A fuga aos programas convencionais parece ser a marca desta primeira temporada promovida pelo BankBoston em Curitiba. A série, que já acontecia em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília, chegou neste ano ao Paraná com vários recitais que trazem tipos de composições jamais – ou quase nunca – executadas por aqui. O primeiro programa, no mês passado, já foi um exemplo disso, com a apresentação do contratenor canadense Daniel Taylor, dono de um timbre de voz raríssimo, o mesmo dos antigos castrati europeus.

O concerto de trompa desta sexta-feira é um novo exemplo, pela curiosidade de trazer para o solo um instrumento típico de orquestra. Mas o calendário promete mais inovações: ainda para este ano, estão previstos um recital de violino-solo, com música de Bach, algo muito difícil de se ouvir ao vivo no Brasil, e até um programa que inclui a música do mago da composição contemporânea, o francês Pierre Boulez.

Para o recital de amanhã, as expectativas de quem entende do instrumento são grandes. "A Marie Luise Neunacker é uma das principais trompistas do mundo e é uma grande solista", afirma Edivaldo Chiquini, primeiro trompista da Orquestra Sinfônica do Paraná. Para quem quiser matar a curiosidade, fica a dica.

Serviço: Concerto com Marie Luise Neunacker, Antje Weithaas e Silke Avenhaus. Guairinha (R. XV de Novembro, s/n.º), (41) 3315-0979. Amanhã, às 20h30. Ingressos a R$ 36 e R$ 24 (para clientes BankBoston).

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