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Políticas públicas

O trampolim necessário para fazer a arte acontecer

Com o maior orçamento dos últimos 20 anos, Funarte abre 34 editais e deve contemplar mil artistas

We Cage: espetáculo de dança de Carmen Jorge, premiado pela Funarte | Elenize Dezgeniski/ Divulgação.
We Cage: espetáculo de dança de Carmen Jorge, premiado pela Funarte (Foto: Elenize Dezgeniski/ Divulgação.)
Jussara Salazar: pesquisa bancada com bolsa da Funarte rendeu um livro de poemas |

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Jussara Salazar: pesquisa bancada com bolsa da Funarte rendeu um livro de poemas

Os 3 Espelhos: peça de Maureen Miranda, com fomento federal |

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Os 3 Espelhos: peça de Maureen Miranda, com fomento federal

O que Jussara Salazar, Maureen Miranda e Carmen Jorge têm em comum, além do fato de serem mulheres, artistas e viverem em Curitiba? Elas idealizaram projetos que só se tornaram realidade porque foram contemplados por editais da Funarte. Jussara escreveu um livro, Maureen colocou em cena uma peça de teatro e Carmen, um espetáculo de dança.

A Funarte, instituição vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), é, fato consumado, responsável pela materialização de inúmeros projetos artísticos, e isso vai aumentar, ainda mais, em 2010. Com o maior orçamento em duas décadas (R$ 101,6 milhões), a Funarte está com 34 editais abertos, para diversas áreas. No total, serão mil prêmios e bolsas, de até R$ 260 mil (leia mais no quadro ao lado).

De prático, é possível afirmar, antes de qualquer outra informação, que as oportunidades aumentaram, e muito. O edital de criação literária dá pistas de como há mais trampolins para os artistas. No segundo semestre do ano passado, havia apenas duas bolsas para a região Sul, e os vencedores foram dois paranaenses, Benedito Costa Neto e Rodrigo Garcia Lopes – posteriormente, abriu mais uma vaga, de suplência, preenchida por outro paranaense, Helvio Hen­­rique de Campos. Este ano, no edital aberto até o dia 27 de maio, são nove vagas para a região Sul (saiba como se inscrever no quadro ao lado).

Soma de forças

Marcelo Bones é, desde janeiro de 2009, diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte – mas já esteve do outro lado. O mineiro de 50 anos é ator e diretor de teatro, do grupo Teatro Andante, e – mesmo antes de ocupar um cargo oficial – tinha noção de que os editais da Funarte são responsáveis por tornar realidade muitos sonhos.

Agora, então, acumula centenas de depoimentos de artistas, de Juazeiro a Pelotas.

Ele sabe que a Funarte fomenta a cultura brasileira de maneira geral, e não apenas no setor do teatro, dança e circo, áreas que dizem respeito à sua pasta. Bones conta que em dezenas de cidades brasileiras, onde o poder municipal e estadual não investem, é a Funarte que alavanca shows, catapulta livros e filmes.

Bones comemora, e nem poderia ser diferente, o fato de que o aumento orçamentário da Funarte vai contemplar já nos próximos meses ainda mais artistas, mas há mais, realmente muito mais.

Com a reforma da Lei Rouanet, que antes do fim do ano será substituída pelo Procultura, o governo federal desburocratizará o fomento à cultura e ampliará a sua capacidade de dialogar com a classe artística.

Os cases locais

Toda essa euforia, de fato, estimula muita gente a inscrever projetos em editais. E, como alguns exemplos locais sinalizam, a Funarte colhe resultados visíveis, e prova que o dinheiro público pode frutificar em resultados dignos de aplausos.

Com os R$ 30 mil de uma bolsa de fomento à criação literária, a poeta pernambucana radicada em Curitiba Jussara Salazar conseguiu realizar uma pesquisa a respeito de um assunto que por muito tempo assombrou o seu imaginário: quem são, ou foram, as carpideiras? Isso mesmo. Jussara viajou, esteve no sertão nordestino e em Portugal, em busca daquelas senhoras contratadas para chorar em velórios. Ela teve seis meses para empreender a pesquisa e, posteriormente, dar uma roupagem poética, inclusive com rimas, ao projeto. O livro, já finalizado, está em uma editora, e deve chegar nas livrarias em julho. "Se não fosse a bolsa da Funarte, eu não teria condições de fazer uma pesquisa tão completa e complexa", conta Jussara.

Carmen Jorge tornou viável o espetáculo de dança We Cage, já apresentado em Curitiba, e que estreia no Centro Cultural São Paulo, no dia 9 de junho. O edital, de R$ 100 mil, foi fundamental para o projeto sair do papel rumo à realidade. Mas ela torce para que a reforma da Lei Rouanet aconteça, até para que outros editais viabilizem projetos de longo prazo. "Sem esses editais (os atuais), que ainda não são perfeitos, não ‘rolaria’ arte no Brasil", afirma Carmen.

Maureen Miranda tornou-se, de fato, diretora de teatro por causa dos editais da Funarte. A atriz conseguiu encenar Os 3 Espelhos devido ao incentivo federal, de R$ 30 mil. No espetáculo, que estreou em Curitiba ano passado, ela é autora, diretora e figurinista. "A cultura brasileira só existe por causa dos editais", diz Maureen.

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