O Caminho do Livro: Saiba como preencher um edital da Funarte
Para escritores
Se você é escritor ou pretende escrever um livro, a Funarte tem um edital: a Bolsa de Criação Literária, com 60 vagas abertas (em âmbito nacional, são nove para a região Sul), para produção de textos literários, nos gêneros lírico ou narrativo, com bolsas de R$ 30 mil. Inscrições até 27 de maio.
Como participar
Em primeiro lugar, é necessário acessar o site da Funarte (www.funarte.gov.br). Na página inicial, tem um link, "Funarte lança 34 editais para premiar mil artistas no total de R$ 56 milhões". Clique aí. Então, procure o link "Bolsa de Criação Literária." Clique novamente. Há quatro links. No primeiro, o interessado fica sabendo como funciona o edital. Cada pessoa pode inscrever um único projeto. Por exemplo: um livro de contos ou um livro de poesia. Não é necessário já ter o livro pronto. Ao contrário. A meta do edital é fomentar a criação. Uma vez aprovado, o escritor ou poeta terá seis meses para realizar a obra, com R$ 30 mil no bolso, como estímulo.
Detalhes
É importante imprimir, preencher e assinar a ficha de inscrição (clique no link edital "Baixe a ficha de inscrição"). Há um outro link, "Guia para elaboração de projetos", que explica, passo a passo, como acertar a mão na hora de fazer a inscrição. É importante que toda a inscrição, que inclui apresentação e justificativa, entre outros itens, não ultrapasse dez páginas. E, ainda, é mais do que relevante: incluir, em meio às dez páginas, um fragmento autoral, trecho de conto, poesia ou fragmento de novela. A inscrição é grátis, e deve ser encaminhada pelo correio. Então, uma vez remetida a proposta, é esperar pelo resultado.
Oportunidades
Saiba quais são alguns dos editais 2010 da Funarte/MinC que estão com inscrições abertas
O que Jussara Salazar, Maureen Miranda e Carmen Jorge têm em comum, além do fato de serem mulheres, artistas e viverem em Curitiba? Elas idealizaram projetos que só se tornaram realidade porque foram contemplados por editais da Funarte. Jussara escreveu um livro, Maureen colocou em cena uma peça de teatro e Carmen, um espetáculo de dança.
A Funarte, instituição vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), é, fato consumado, responsável pela materialização de inúmeros projetos artísticos, e isso vai aumentar, ainda mais, em 2010. Com o maior orçamento em duas décadas (R$ 101,6 milhões), a Funarte está com 34 editais abertos, para diversas áreas. No total, serão mil prêmios e bolsas, de até R$ 260 mil (leia mais no quadro ao lado).
De prático, é possível afirmar, antes de qualquer outra informação, que as oportunidades aumentaram, e muito. O edital de criação literária dá pistas de como há mais trampolins para os artistas. No segundo semestre do ano passado, havia apenas duas bolsas para a região Sul, e os vencedores foram dois paranaenses, Benedito Costa Neto e Rodrigo Garcia Lopes posteriormente, abriu mais uma vaga, de suplência, preenchida por outro paranaense, Helvio Henrique de Campos. Este ano, no edital aberto até o dia 27 de maio, são nove vagas para a região Sul (saiba como se inscrever no quadro ao lado).
Soma de forças
Marcelo Bones é, desde janeiro de 2009, diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte mas já esteve do outro lado. O mineiro de 50 anos é ator e diretor de teatro, do grupo Teatro Andante, e mesmo antes de ocupar um cargo oficial tinha noção de que os editais da Funarte são responsáveis por tornar realidade muitos sonhos.
Agora, então, acumula centenas de depoimentos de artistas, de Juazeiro a Pelotas.
Ele sabe que a Funarte fomenta a cultura brasileira de maneira geral, e não apenas no setor do teatro, dança e circo, áreas que dizem respeito à sua pasta. Bones conta que em dezenas de cidades brasileiras, onde o poder municipal e estadual não investem, é a Funarte que alavanca shows, catapulta livros e filmes.
Bones comemora, e nem poderia ser diferente, o fato de que o aumento orçamentário da Funarte vai contemplar já nos próximos meses ainda mais artistas, mas há mais, realmente muito mais.
Com a reforma da Lei Rouanet, que antes do fim do ano será substituída pelo Procultura, o governo federal desburocratizará o fomento à cultura e ampliará a sua capacidade de dialogar com a classe artística.
Os cases locais
Toda essa euforia, de fato, estimula muita gente a inscrever projetos em editais. E, como alguns exemplos locais sinalizam, a Funarte colhe resultados visíveis, e prova que o dinheiro público pode frutificar em resultados dignos de aplausos.
Com os R$ 30 mil de uma bolsa de fomento à criação literária, a poeta pernambucana radicada em Curitiba Jussara Salazar conseguiu realizar uma pesquisa a respeito de um assunto que por muito tempo assombrou o seu imaginário: quem são, ou foram, as carpideiras? Isso mesmo. Jussara viajou, esteve no sertão nordestino e em Portugal, em busca daquelas senhoras contratadas para chorar em velórios. Ela teve seis meses para empreender a pesquisa e, posteriormente, dar uma roupagem poética, inclusive com rimas, ao projeto. O livro, já finalizado, está em uma editora, e deve chegar nas livrarias em julho. "Se não fosse a bolsa da Funarte, eu não teria condições de fazer uma pesquisa tão completa e complexa", conta Jussara.
Carmen Jorge tornou viável o espetáculo de dança We Cage, já apresentado em Curitiba, e que estreia no Centro Cultural São Paulo, no dia 9 de junho. O edital, de R$ 100 mil, foi fundamental para o projeto sair do papel rumo à realidade. Mas ela torce para que a reforma da Lei Rouanet aconteça, até para que outros editais viabilizem projetos de longo prazo. "Sem esses editais (os atuais), que ainda não são perfeitos, não rolaria arte no Brasil", afirma Carmen.
Maureen Miranda tornou-se, de fato, diretora de teatro por causa dos editais da Funarte. A atriz conseguiu encenar Os 3 Espelhos devido ao incentivo federal, de R$ 30 mil. No espetáculo, que estreou em Curitiba ano passado, ela é autora, diretora e figurinista. "A cultura brasileira só existe por causa dos editais", diz Maureen.
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