O Trenzinho do Caipira volta para falar de trabalho em grupo

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Muitos grupos de teatro fazem criação colaborativa. No caso de O Trenzinho do Caipira, peça infantil que volta ao cartaz com elenco renovado na Cia. do Abração, essa metodologia fica evidente até no formato do espetáculo.

Inspirada na vida e na obra do compositor Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – autor da música instrumental que dá nome ao espetáculo –, sem ser biográfica, a peça cantada parte da contribuição de cada integrante para formar os vagões do trem-personagem.

Explica-se: na trama, seis pessoas, de diferentes regiões do Brasil, recebem uma carta de Villa-Lobos com passagens de trem dentro do envelope. Mas, quando chegam ao local designado, a locomotiva já partiu...

O grupo decide então construir seu próprio meio de transporte, e cada comboio é criado a partir das habilidades do construtor.

O trem aqui funciona como metáfora da construção coletiva do conhecimento – ideia que remete ao método de musicalização estimulado pelo compositor durante o Estado Novo (regime político brasileiro comandado por Getúlio Vargas entre 1937 e1945), que incluía o ensino do canto em grandes corais nas escolas.

Outros aspectos da música do carioca estão presentes no espetáculo, em que os atores fazem percussão para criar sons e entoam desde cirandas até música erudita.

O cenário e o figurino têm a colaboração de Cristine Conde. "A peça veio da ideia de que é possível reciclar tudo. Demos nova vida aos objetos, construídos com tudo que é refutado pelas pessoas", conta a diretora, Letícia Guimarães.

A estreia da peça aconteceu em 2006. Agora repaginada, ela segue para apresentações no Teatro da Caixa, em Brasília, e depois volta para o Festival de Teatro de Curitiba, no fim de março.

Neste fim de semana, as duas sessões acontecem no sábado à noite e no domingo à tarde.