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O estudo mostra que o mais famoso dos dinossauros tinha dificuldade nas curvas | Reprodução/G1
O estudo mostra que o mais famoso dos dinossauros tinha dificuldade nas curvas| Foto: Reprodução/G1

Muito barulho por nada

Fala Baixo, Senão Eu Grito é um encontro desperdiçado de profissionais talentosos. A peça que está em cartaz este fim de semana no Teatro Regina Vogue, com texto de Leilah Assumpção, direção de Paulo Moraes e Ana Beatriz Nogueira e Eriberto Leão no elenco, não ultrapassa o mediano.

A encenação se arrasta sem ritmo. O confronto entre a frustrada Mariazinha e um ladrão que aparece para sacudir sua rotina peca pelo excesso de exaltação das interpretações, quando alguma sutileza realçaria as nuances do texto. O acerto fica por conta do cenário criativo e bem aproveitado, repleto de televisores. Mais informações no roteiro. GG1/2

O diretor Jairo Mattos parece ter uma certa obsessão pela peça Esperando Godot, de Samuel Beckett. O texto do irlandês já havia servido de inspiração para a montagem de Eu Odeio Kombi, que estreou sem muito sucesso no Festival de Teatro de Curitiba deste ano. Poucos meses depois, Mattos volta à cidade para uma curta temporada no Teatro HSBC com Cata-Dores, outra encenação "livremente inspirada" na obra de Beckett. Desta vez, porém, além da direção, ele assume um dos papéis principais, ao lado do ator Paulo Gorgulho.

Na obra da dramaturga Cláudia Vasconcellos, Mattos e Gorgulho são Um e Dois, amigos que vivem a catar lixo e a refletir sobre a vida, entediados pela rotina e pelas conseqüências da passagem do tempo. O cansaço leva um deles a romper com o próprio envelhecimento. Como num passe de mágica, um dos mendigos despe-se de sua barba e de suas dores, revelando-se um homem jovem e cheio de energia. A transformação inesperada desestabiliza a relação de amizade e traz reflexões sobre a juventude e a velhice, enquanto a compaixão compartilhada que existia entre eles dá lugar à inveja e à competição.

A impressão de déjà vu causada pelas semelhanças entre Cata-Dores e Eu Odeio Kombi é reforçada pela ambientação das tramas em uma atmosfera clownesca. A diferença, entretanto, fica no tom de comédia assumido por Cata-Dores, contrário à pretensão de dramaticidade que havia na peça anterior dirigida por Mattos. Cata-Dores teve ainda uma recepção melhor da crítica, que elogiou a profundidade do texto, a sensação de vazio existencial que se equilibra com o humor e a atuação precisa de Paulo Gorgulho, seguro tanto nos momentos de choro como no riso.

Outra especificidade da montagem que entra em cartaz hoje são as intervenções de um "homem-banda" – um músico ambulante que carrega uma porção de instrumentos, como percussão, trompete, acordeão e guitarra elétrica, representado pelo maestro Marcello Amalfi, que também assina a trilha sonora da peça.

Serviço: Cata-Dores. Teatro HSBC (Rua Luiz Xavier, 11 – Rua das Flores), (41) 3232-7177. Direção de Jairo Mattos. Com Jairo Mattos e Paulo Gorgulho. De 8, 9 e 10 às 20h30. R$30 e R$15 (clientes do HSBC, na compra de até dois ingressos, e estudantes).

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