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“Para ser solidário tem que sair do egoísmo e não ser voltado para si próprio. Precisa se sentir voltado para o outro, mesmo que passageiramente, seja ele um animal racional ou irracional. É sair de si mesmo e se entregar para uma causa do próximo.” -Engelbert Schögel, professor e escritor | Hugo Harada/Gazeta do Povo
“Para ser solidário tem que sair do egoísmo e não ser voltado para si próprio. Precisa se sentir voltado para o outro, mesmo que passageiramente, seja ele um animal racional ou irracional. É sair de si mesmo e se entregar para uma causa do próximo.” -Engelbert Schögel, professor e escritor| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo
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Livro

Uma Elefanta e um Homem em Chitwan, Nepal

Engelbert Schlögel. Base Editorial, 48 págs. R$ 22. Infanto-juvenil.

  • O professor Engelbert Schögel com os bonecos que remetem a ele e a elefanta Lumna: contação de histórias para divulgar o ato de voluntariar para crianças e jovens

No apartamento repleto de imagens de São Francisco de Assis e de souvenirs de viagens, não se vê luxo: a mesa onde uma orquídea enfeita o centro tem mais de 30 anos. Na estante da sala, uma televisão no melhor estilo "caixão de abelha", bem diferente do que ocorre em muitas casas brasileiras nas quais o antigo aparelho já deu lugar a um de plasma. Levar uma vida na qual o consumo é secundário foi a escolha do professor e escritor Engelbert Schlögel para se dedicar ao trabalho voluntário, algo que realiza desde a adolescência. Ele acaba de lançar o livro infanto-juvenil Uma Elefanta e um Homem em Chitwan, Nepal, onde narra sua última experiência, em um berçário de elefantes. O livro é o primeiro de uma série de dez títulos que o professor, que é doutor em estudos transdisciplinares, pretende lançar.

"Quero falar com a criança e o jovem. Não tenho muita esperança em insistir no adulto", diz Schlögel, que lamenta o fato de o voluntariado não ser uma prática cultural no Brasil. "Não tenho receio em dizer que o livro é uma iniciativa bastante nova aqui." O autor não usou uma linguagem específica ou para chamar a atenção de seu público-alvo. Ele diz acreditar que o relato, por si só, chamará atenção. "Todos os livros são absolutamente reais, conto a minha experiência. Não quero fantasiar nada em relação ao voluntariado."

E ser voluntário, o que é? Antes de responder a pergunta, Schlögel, que esteve em mais de 48 países ajudando ao próximo, divaga sobre alguns assuntos. Cita os exemplos de Gandhi e madre Teresa de Calcutá e se diz simpático ao budismo. "Vou misturando um monte de coisa ao mesmo tempo, sou um perigo (risos). Precisa de paciência para me ouvir." A resposta, entretanto, não é fechada, mas sim um conjunto de elementos e práticas elencados por ele. A primeira é tentar ser o menos egoísta possível, isso não significa ser definido como "bonzinho." "Isso não pode ser confundido." O autor diferencia ainda a pessoa voluntariosa da que está voluntária, mas acha que "tudo é válido." "A crítica não leva a nada. Faça a pessoa o mínimo ou um pouco mais, ela está fazendo. Pior é criticar e não fazer nada."

O professor desmistifica algumas ideias disseminadas sobre o trabalho voluntário. Ele sempre pagou todas as despesas, tanto a hospedagem, a alimentação e até taxas para organizações não governamentais. As viagens surgiram principalmente durante os períodos de folga. "Algumas pessoas optam por passar férias em Porto de Galinhas (em Pernambuco), e outras optam por investir no voluntariado no exterior. Mas são raríssimos os brasileiros que fazem isso."

Escrever

A ideia do relato veio depois de o autor ser expulso de Daca, em Bangladesh, onde morou por sete meses. A atuação como consultor educacional voluntário foi interrompida pelo governo local. "Para você ter uma ideia, os livros escolares são reeditados há mais de 60 anos. A capital do Brasil para eles ainda é o Rio de Janeiro. Tentei mostrar as coisas erradas, mas fui impedido. E aí resolvi ir ao Nepal, tinha lido sobre o berçário duas semanas antes." Lá, cuidou da elefanta Lumna, de 67 anos, sua primeira experiência com animais, que define como "fantástica." No momento, Schlögel organiza contações de histórias em escolas, voluntariamente. Por isso, mandou confeccionar um boneco com sua imagem e a de Lumna. "Nada na minha vida me ensinou mais do que fazer voluntariado. É a minha religião."

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