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O maestro e compositor carioca Francis Hime resolveu apostar, sem medo, no intimismo. Deixou de lado a grandiloqüência sinfônica de seus discos anteriores e optou por trabalhar com um número reduzido de músicos em Arquitetura da Flor, seu novo CD, recém-lançado pela Biscoito Fino, gravadora dirigida pela sua mulher, a cantora Olívia Hime. Esse mesmo clima caseiro de intimidade também se faz presente no ótimo show que o músico apresenta domingo, às 20h30, no Teatro HSBC, em Curitiba.

O criador de clássicos da MPB, como "Vai Passar", "Meu Caro Amigo" e "Trocando em Miúdos" (todas em parceria com Chico Buarque), chamou quatro grandes músicos de estúdio para encarar a empreitada: o baixista Jorge Helder, o violão de Ricardo Silveira, Kiko Freitas para a bateria, e Marcelo Costa, na percussão. Com eles, gravou 12 canções, dez das quais inéditas, e está viajando pelo Brasil, fazendo shows de divulgação do disco.

Seguindo um modelo em voga, Hime e sua banda gravaram todas as músicas juntos, como se fosse um show dentro do estúdio, com a meta de obter um resultado mais orgânico, com a temperatura de uma reunião de caros amigos. Deu mais do que certo. Arquitetura da Flor, conseqüência desse processo, pode ser definido como um saboroso disco em que o samba reina, mas com tratamento de bossa nova, quase jazzístico. Para ouvir várias vezes e sorver ao poucos. Mas o espetáculo que Francis apresenta domingo não se limita às canções do disco novo. Para contentar os fãs, não vão faltar seus maiores sucessos.

À exceção de "A Dor a Mais", uma antiga parceria com Vinicius de Moraes, e "Palavras Cruzadas", rara letra de Toquinho, todas as faixas de Arquitetura da Flor são poemas musicados. Hime recebeu a letra para compor. A composição de "Sem Saudades" (letra de Cartola entregue pela família do sambista mangueirense), segundo Hime, foi a experiência mais complicada, porque o músico costuma ter o hábito de alterar as letras. Nesse caso, entretanto, mexer seria um sacrilégio cuja culpa o compositor não queria carregar.

Além de Cartola, Vinicius e Toquinho, Arquitetura da Flor conta com letras de Geraldo Carneiro (responsável por metade das parcerias presentes no disco), Olívia Hime e Simone Guimarães. A dobradinha com Carneiro é uma decorrência de uma troca que vem acontecendo há tempos. Os dois já escreveram juntos perto nada menos do que 50 canções, quase todas de amor. Segundo Hime, a recorrência da temática romântica é coincidência. Ele garante que os assuntos não são predeterminados. Acontecem.

Embora o número de músicos seja reduzido, a música de Arquitetura da Flor, como já era de se esperar de Francis, é sofisticada, elaborada, sem qualquer intenção de nivelar por baixo, para tocar em rádio ou novela. Ainda bem.

Serviço – Arquitetura da Flor. Show com Francis Hime. Teatro HSBC (Av. Luiz Xavier, s/n.º – Palácio Avenida). Dia 2, às 20h30. Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (estudantes e clientes do HSBC)

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