Opostos com algo em comum

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Com sonoridades totalmente opostas, mas milhares de fãs em comum, duas bandas norte-americanas lançaram seus novos e aguardados discos nesta semana. Na terça-feira (11) chegaram às lojas internacionais os mais recentes trabalhos dos nova-iorquinos The National e do quarteto The Dead Weather, do Tennessee.

Com mais de dez anos de trajetória, o The National finalmente liberou o incensado High Violet, quinto álbum da discografia do grupo liderado pelo barítono Matt Berninger e o guitarrista Bryce Dessner. Uma versão inacabada do disco havia vazado na internet há cerca de um mês, o que levou a banda a disponibilizar as 11 novas canções para audição no site do jornal The New York Times durante cinco dias no mês passado.

Portanto, High Violet chega às lojas para um público já familiarizado com suas melodias, que não diferem muito das do excelente antecessor Boxer (2007), incluindo a produção de Peter Katis e os arranjos orquestrais de Padma Newsome. Não à toa, já é apontado pela crítica como um potencial candidato ao título de melhor álbum de 2010.

De charme sutil e pegada delicada, High Violet pode soar tristonho em excesso à primeira audição. É preciso uma segunda tentativa para que se revele um universo de ricas texturas sonoras, sustentando versos sobre ausência, distância e não-pertencimento. Acompanhada de uma bateria discreta e construída sob uma cama de guitarras com feedback e uma linha simples de piano, a faixa de abertura "Terrible Love" causa o impacto necessário e dá a deixa do que vem pela frente.

Na sequência, "Sorrow" esbanja beleza melancólica ao tratar como companheira a tristeza de um amor que nunca será esquecido ("a tristeza me encontrou quando eu era jovem", desabafa, nos versos iniciais). Mais acelerada, a primeira faixa de trabalho do disco, "Bloodbuzz Ohio", destaca a intensa voz de Berninger com poucos acordes e um tênue duelo de guitarras, violinos, violoncelos e instrumentos de sopro.

A mesma intensidade marca a ótima "Anyone’s Ghost", repleta de reminiscências do passado ("não queria ser seu fantasma / mas não quero mais ninguém"), com cenário em Nova York, cidade natal da formação. A Grande Maçã reaparece como um lugar de onde é impossível se fugir na comovente "Lemonworld" ("viver ou morrer em Nova York já não faz diferença para mim / estou muito cansado para dirigir / você se importa que eu fique?").

Mas o golpe final no coração do ouvinte está longe dos Estados Unidos. De fazer Chris Martin (Coldplay) arrancar os cabelos de inveja, a belíssima "England" é composta por retratos de alguém que se quer por perto, mas está distante ("você deve estar em algum em Londres / deve estar curtindo a vida na chuva"). Não há como não se render.

Briga de gatos

Grande destaque entre as bandas que participaram da mais recente edição do festival Coachella, o supergrupo de The Dead Weather – mais um projeto de Jack White (White Stripes) – surpreende em seu segundo álbum Sea of Cowards. O sucessor de Horehound (2009), consolida o blues psicodélico e garageiro da banda e a parceria vocal de White com a bela Allison Mosshart (The Kills).

Mesmo detrás da bateria, White imprime um estilo característico às novas canções, com batidas que lembram as do britânico Mitch Mitchell (The Jimi Hendrix Experience).

Com vozes rasgadas e cheias de efeito, White e Allison soam como dois gatos brigando à noite. Mas ambos provam ter confiança de sobra ao entoar versos como "todas as garotas brancas viajam quando eu canto no culto de domingo", gaba-se ele na faixa de abertura "Blue Blood Blues". Ou então "não esfrie seus motores para mim / eu não quero um namoradinho / tudo o que quero é uma máquina", alfineta Allison, na vibrante "Gasoline".

Serviço

High Violet, The National. 4AD. Importado. Preço médio: US$ 10. GGGG

Sea of Cowards, The Dead Weather. Warner Bros. Importado. Preço médio: US$ 10. GGG1/2