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Festival de Teatro

Oriente Médio ganha múltiplas formas no palco

Espetáculos Post Sciptum e Meu Saba estreiam em Curitiba durante o evento

A atriz Clarissa  Kahane dá voz ao monólogo da neta de Rabin | Divulgação
A atriz Clarissa Kahane dá voz ao monólogo da neta de Rabin (Foto: Divulgação)

Duas das estreias nacionais que acontecem durante o Festival de Curitiba abordam o conflito israelopalestino, cada uma com um viés bastante particular.

Enquanto Meu Saba é um monólogo sobre o assassinato de Yitzhak Rabin, Post Scriptum coloca uma família de quatro pessoas em cena, vivendo as conflitos tanto existenciais quanto de identidade étnica.

O diretor e autor Samir Yazbek dá continuidade, em Post Scriptum, ao projeto iniciado em A Terra Prometida e As Folhas do Cedro, em que as fronteiras entre o real e o imaginário são borradas. Na estreia que acontece em Curitiba dias 26 e 27, o paulistano de origem libanesa radicaliza a ideia, incluindo um plano mítico que aborda a origem tanto do povo israelense quanto árabe, creditadas a Abraão.

A referência aparece numa narrativa que transforma a serva Hagar, com quem o patriarca teria tido o filho Ismael, origem dos ismaelistas, numa indígena brasileira. Ela é a única não interpretada, mas aparece em cena por meio de uma escultura.

Numa casa em crise após o sumiço do pai, o primogênito e o caçula dividem opiniões conflitantes sobre a questão do Oriente Médio. Um deseja pegar em armas e ir à luta, enquanto o outro pode ser considerado um pacifista, dando voz ao pensamento de Yasbek. “Acima de tudo é um apelo para que olhemos para o Brasil, em vez de só apontarmos o problema dos outros lugares de forma alienada”, disse.

“Eu vivi esses dramas, de alguma maneira.”

Uma curiosidade é a participação do estilista Fause Haten no elenco, como filho mais velho. Também ele de origem libanesa, o agora ator já surpreendeu com seu monólogo A Feia Lulu e foi aluno de Yasbek num curso de dramaturgia.

Num átimo

No último fim de semana do festival, estreia Meu Saba, monólogo que se passa nos 30 segundos que a protagonista (feita por Clarissa Kahane) leva para se levantar e chegar ao palanque onde irá falar. Explica-se: trata-se do funeral do premiê israelense Yitzhak Rabin, assassinado em 1995 por um radical direitista radical. E quem foi escolhida para falar sobre o avô é a neta, Noa Ben Artzi-Pelossof. A partir de um livro escrito por ela sobre seu “saba”, ou avô, o dramaturgo Daniel Herz faz uma adaptação que congela o tempo naquele átimo que a garota leva para chegar a seu destino.

Em sua divagação, ela relembra momentos passados com o avô, de quem era a preferida e com quem morou por alguns anos. Fala, por exemplo, das aulas de xadrez, em que Rabin mostrava tratar-se mais do que um jogo, e sim de desenvolvimento da estratégia e da inteligência.

Fala ainda do início da adolescência, quando Noa começou a ter suas próprias opiniões e os dois conversavam bastante.

“A peça coloca em evidência a busca pela paz e o fato de que nem todos a desejam”, analisa o produtor Miguel Colker (filho da bailarina Deborah Colker).

Outra peça com enfoque judaico, já abordada pela Gazeta do Povo a partir de seu viés realista, é Silêncio!, de Renata Misrahi.

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