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A atriz Clarissa  Kahane dá voz ao monólogo da neta de Rabin | Divulgação
A atriz Clarissa Kahane dá voz ao monólogo da neta de Rabin| Foto: Divulgação

Duas das estreias nacionais que acontecem durante o Festival de Curitiba abordam o conflito israelopalestino, cada uma com um viés bastante particular.

Enquanto Meu Saba é um monólogo sobre o assassinato de Yitzhak Rabin, Post Scriptum coloca uma família de quatro pessoas em cena, vivendo as conflitos tanto existenciais quanto de identidade étnica.

Post Scriptum coloca em cena uma família em vários planos narrativos.Fernando Stankuns

O diretor e autor Samir Yazbek dá continuidade, em Post Scriptum, ao projeto iniciado em A Terra Prometida e As Folhas do Cedro, em que as fronteiras entre o real e o imaginário são borradas. Na estreia que acontece em Curitiba dias 26 e 27, o paulistano de origem libanesa radicaliza a ideia, incluindo um plano mítico que aborda a origem tanto do povo israelense quanto árabe, creditadas a Abraão.

A referência aparece numa narrativa que transforma a serva Hagar, com quem o patriarca teria tido o filho Ismael, origem dos ismaelistas, numa indígena brasileira. Ela é a única não interpretada, mas aparece em cena por meio de uma escultura.

Ator

Uma curiosidade sobre Post Scriptum é a participação do estilista Fause Haten no elenco, como filho mais velho. Também ele de origem libanesa, o agora ator já surpreendeu com seu monólogo A Feia Lulu.

Numa casa em crise após o sumiço do pai, o primogênito e o caçula dividem opiniões conflitantes sobre a questão do Oriente Médio. Um deseja pegar em armas e ir à luta, enquanto o outro pode ser considerado um pacifista, dando voz ao pensamento de Yasbek. “Acima de tudo é um apelo para que olhemos para o Brasil, em vez de só apontarmos o problema dos outros lugares de forma alienada”, disse.

“Eu vivi esses dramas, de alguma maneira.”

Programe-se

Meu Saba

Teatro Sesc da Esquina (R. Visc. do Rio Branco, 969), (41) 3304-2222. Dias 3 e 4 de abril às 21h. R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada). Classificação indicativa: 12 anos.

Post Scriptum

Teatro do Paiol (Lgo. Guido Viaro, s/nº), (41) 3213-1340. Dias 26 e 27 de março às 21h. R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada). Classificação indicativa: livre.

Bilheterias nos shoppings Mueller, Palladium e ParkShopping Barigüi ou pelo site www.festivaldecuritiba.com.br.

Uma curiosidade é a participação do estilista Fause Haten no elenco, como filho mais velho. Também ele de origem libanesa, o agora ator já surpreendeu com seu monólogo A Feia Lulu e foi aluno de Yasbek num curso de dramaturgia.

Num átimo

No último fim de semana do festival, estreia Meu Saba, monólogo que se passa nos 30 segundos que a protagonista (feita por Clarissa Kahane) leva para se levantar e chegar ao palanque onde irá falar. Explica-se: trata-se do funeral do premiê israelense Yitzhak Rabin, assassinado em 1995 por um radical direitista radical. E quem foi escolhida para falar sobre o avô é a neta, Noa Ben Artzi-Pelossof. A partir de um livro escrito por ela sobre seu “saba”, ou avô, o dramaturgo Daniel Herz faz uma adaptação que congela o tempo naquele átimo que a garota leva para chegar a seu destino.

Em sua divagação, ela relembra momentos passados com o avô, de quem era a preferida e com quem morou por alguns anos. Fala, por exemplo, das aulas de xadrez, em que Rabin mostrava tratar-se mais do que um jogo, e sim de desenvolvimento da estratégia e da inteligência.

Fala ainda do início da adolescência, quando Noa começou a ter suas próprias opiniões e os dois conversavam bastante.

“A peça coloca em evidência a busca pela paz e o fato de que nem todos a desejam”, analisa o produtor Miguel Colker (filho da bailarina Deborah Colker).

Outra peça com enfoque judaico, já abordada pela Gazeta do Povo a partir de seu viés realista, é Silêncio!, de Renata Misrahi.

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