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Wilco: um dos principais nomes do elenco da gravadora | Autumn  de Wilde/Divulgação
Wilco: um dos principais nomes do elenco da gravadora| Foto: Autumn de Wilde/Divulgação

Todo dia, Bob Hurwitz faz um tipo bem particular de exercício. Após o café, o chefão da gravadora Nonesuch, que está completando 50 anos como uma das mais importantes referências do mercado fonográfico, senta-se ao piano de casa, em Nova York, e toca música clássica por cerca de uma hora.

"Quando você desperta seu corpo com Bach ou Debussy, impõe um padrão altíssimo para o resto do dia", conta ele. "Faço isso há anos."

Ao chegar ao escritório da gravadora, no centro de Manhattan, as escalas de Hurwitz se ampliam. Ele acerta com o mestre minimalista Steve Reich a data de lançamento do álbum Radio Rewrite, celebra o sucesso do rock básico do Black Keys no rádio, dá o toque final na capa de City Noir, do saxofonista de jazz John Adams, e discute com o departamento de marketing a melhor forma de divulgar Abraçaço, de Caetano Veloso, com todas as suas cedilhas, no mercado americano.

"A diversidade é atraente quando acompanhada de qualidade, e isso não falta ao elenco da Nonesuch. São artistas criativos, que não ficam estáticos", diz.

A imobilidade, aliás, passa ao largo da gravadora dirigida por Hurwitz há mais de 30 anos. Fundada por Jac Holzman em 1964 e comandada por Tracey Sterne até a chegada de Hurwitz, a Nonesuch evoluiu de uma empresa dedicada a lançar discos de música clássica em formato popular, com preços baixos, para um dos mais respeitados nomes da indústria musical.

Isso apostando em artistas do rock ao jazz, passando por country, trilhas de filmes e musicais e pelo já batido rótulo de world music, e mantendo a independência de sua curadoria, mesmo ligada a uma major como a Warner. É desse jeito que a gravadora chega aos 50, enquanto muitas sofrem para seguir de pé, buscando fórmulas de sucesso num mercado cada vez mais imprevisível.

"É bom estar de pé, apoiado em nossas apostas e nossos ideais, enquanto outros que se fecharam no óbvio caíram pelo caminho", diz Hurwitz, lembrando também sua independência da "matriz". "Nunca ninguém na Warner disse não a um artista ou disco que lançamos. Nossa responsabilidade é tocar corretamente nossos negócios, e isso sempre fizemos."

Elenco

Na Nonesuch, estão, entre outros, nomes como o Kronos Quartet, o minimalista Philip Glass, o pianista Brad Mehldau, o malabarista vocal Bobby McFerrin, o baterista africano Tony Allen, a musa country Emmylou Harris, a banda de rock alternativo Wilco, o eterno talking head David Byrne e o astro indie Devendra Banhart, além de trilhas de filmes como Buena Vista Social Club, conduzido por Ry Cooder, e Inside Llewyn Davis, dos irmãos Coen, e o brasileiro Caetano Veloso. "Nós o contratamos nos anos 1980, num momento dramático, quando estávamos abrindo o leque de artistas fora do eixo Estados Unidos-Europa, no que era então chamado de world music. Mas logo vimos que ele não podia ser classificado meramente como exótico ou folclórico. Seu som é um maravilhoso híbrido, que se renova constantemente, mantendo relevância e modernidade."

O entusiasmo com que Hurwitz fala de Caetano justifica a afirmação do compositor de musicais Stephen Sondheim de que o chefão da Nonesuch é um dos últimos grandes executivos da indústria que trabalham com paixão pela música e não pelos números.

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