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Carismáticos boxtrolls ganham a cena em stop-motion | Divulgação
Carismáticos boxtrolls ganham a cena em stop-motion| Foto: Divulgação

Num país dominado pelo medo, uma elite obcecada por supérfluos vive encastelada, uma força de segurança vende serviços inventando ameaças da classe mais baixa – e esta, que sobrevive de catar lixo, é obrigada a viver escondida, em condições insalubres.

Parece um filme político passado num país real – que poderia ser o Brasil. Mas trata-se da animação em stop-motion Os Boxtrolls, do estúdio Laika (de Coraline, de 2009, e ParaNorman, de 2012), baseado no livro infantil A Gente É Monstro!, de Alan Snow.

O país do filme chama-se Pontequeijo, onde a deslumbrada classe alta adora chapéus elegantes e queijos finos (eles usam o dinheiro de um hospital infantil para criar um laticínio gigante).

Sonhando em ter acesso a esses bens, um exterminador de pragas chamado Arquibaldo Surrupião promete acabar com os boxtrolls, monstros que, segundo ele, raptaram uma criança e planejam roubar queijos.

Na verdade, os boxtrolls são criaturas pacíficas e amedrontadas, que vivem de reciclar lixo nos subterrâneos do país e adotaram um garoto órfão – que, ao crescer, elabora um plano para salvá-los do exterminador.

Ou seja, Os Boxtrolls traz a luta de classes para o universo da animação – e resulta em uma fábula política afiada, sem que os aspectos fantásticos sejam renegados.

O filme não chega a criar um mundo tão fascinante quanto o de Coraline, a primeira e ainda melhor obra do estúdio Laika. Na verdade, demora um pouco a engrenar, com uma narrativa um tanto truncada em sua primeira meia hora.

Mas a capacidade de entretenimento cresce à medida que os carismáticos boxtrolls ganham a cena, e o avanço técnico e estético da Laika, de Coraline para cá, é absolutamente notável.

Aliás, não vá embora do cinema quando a narrativa parecer acabar. Há uma bela cena extra que rende homenagem aos artistas que fizeram a animação.

Ela mostra como o stop-motion (animação quadro a quadro, em geral com personagens de massinha) continua sendo um artesanato trabalhoso e delicado na era do cinema industrial.

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