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Atraso de meia hora não incomodou os 2.400 súditos que pagaram entre R$ 400 e R$ 1,2 mil para ver Roberto Carlos | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Atraso de meia hora não incomodou os 2.400 súditos que pagaram entre R$ 400 e R$ 1,2 mil para ver Roberto Carlos| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo
  • O público feminino não conteve as manifestações de idolatria:
  • Roberto Carlos foi aplaudido em pé. Ele devolveu o carinho do público dizendo:
  • A única composição inédita, escrita para o álbum ainda não concluído, foi a balada

O artista que subiu ao palco do Teatro Positivo na sexta-feira à noite não parecia ter 50 anos de carreira. Roberto Carlos chegou até mesmo a brincar com a possibilidade de a conta estar errada. "Isso é impossível, se eu nem mesmo tenho tudo isso de idade." Brin­cadeira ou não, o Rei, que iniciou a apresentação por volta de 21h30, esbanjou energia e simpatia para uma plateia ruidosa, lotada com mais de 2.400 súditos – que pagaram entre R$ 400 e R$ 1,2 mil (a inteira) para vê-lo.

Antes de Roberto entrar em cena, seu fiel escudeiro, o maestro Eduardo Lage, que o acompanha há décadas, num gesto com as mãos pediu ao público que acompanhasse a orquestra e o coro em uma canção. Quando reverberaram no teatro os primeiros acordes de "Como É Grande o Meu Amor por Você", ainda sem Roberto ao microfone, percebeu-se que a partida já estava ganha antes mesmo de o capitão do time dar as caras. O coral da plateia, no qual as vozes femininas predominavam, entoou a música com se estivesse fazendo uma declaração de seu imenso afeto pelo cantor.

A canção foi seguida por um pot-pourri de melodias de grandes sucessos da carreira de Roberto, executado com vigor pelos músicos (alguns companheiros de longa data, outros "emprestados" da Orquestra Sinfônica de São Paulo), enquanto nos telões viam-se momentos da trajetória majestosa do artista: a Jovem Guarda, Wan­derléa e Erasmo Carlos, duetos com outros nomes da música nacional, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil. Tan­tas emoções. Foi só às 21h45 que o Rei pisou no palco, ao som dos inconfundíveis metais na introdução de... "Emoções", é claro. Num momento único, quase ritualesco, a orquestra fez uma pausa, dando espaço para que Roberto, vestido de camisa e terno brancos, maneasse a cabeça, e com aquele suspiro que todos conhecem há décadas, cumprimentasse o público, que já o aplaudia de pé. "Que prazer... (respira)... rever vocês. Mais uma vez em Curitiba." Mais gritos de "eu te amo", "casa comigo", "lindo e gostosão". Manifestações de idolatria, sobretudo femininas, não faltariam ao longo das duas horas e meia de show.

Depois de "Emoções", canção que se tornou sua assinatura, o Rei retornou ao início da carreira. "Outra Vez", composição de Isolda que fala da tentativa de esquecer um amor perdido, veio acompanhada de um comentário espirituoso, em tom confessional: "Sempre há alguém, um vizinho, um parente, um colega no trabalho, que está vivendo a mesma situação". A única composição inédita, escrita para o álbum ainda não concluído, foi a balada "A Mulher Que Eu Amo", tema do casal Marcos (José Mayer) e Helena (Taís Araújo), protagonistas da novela Viver a Vida.

A música, que parece um retorno às bases melódicas mais inspiradas dos anos 70, serviu de deixa para o segmento mais "apimentado" do show, justamente aquele que, terminadas as preliminares, levou o público ao êxtase. As canções da fase mais sensual da carreira do Rei vieram acompanhadas de comentários cheios de malícia, duplos sentidos e suave picardia, no melhor estilo amante à moda antiga de Roberto. A resposta, nem precisa dizer. Quando entoou o primeiro verso de "Cavalgada" ("Vou cavalgar por toda noite), ouviu-se um uivo na platéia, seguido de gargalhadas, é claro.

A apresentação no Teatro Positivo terminou já perto da meia-noite, com a tradicional distribuição de rosas, beijadas botão a bo­­tão, e lançadas aos fãs por Roberto. Não houve bis nem grandes surpresas, dispensáveis a esta altura. Em boa forma física, bronzeado, feliz e mais leve, Roberto Carlos celebrou não apenas seus 50 anos de carreira, mas, acima de tudo, sua relação ímpar com fãs de várias gerações. O que se viu em Curitiba uma emocionante celebração da realeza de um artista que tem a cara do Brasil.

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