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Os esboços do filósofo na análise da obra de Magritte | Michel Foucault/Reprodução
Os esboços do filósofo na análise da obra de Magritte| Foto: Michel Foucault/Reprodução

Quem está acostumado a ler as obras do filósofo francês Michel Foucault sobre os jogos de poder ou as ciências do homem vai se surpreender com a sua análise como crítico de arte em Isto Não É um Cachimbo, com reflexões sobre o quadro homônimo de René Magritte. O livro, que estava esgotado, volta a ser publicado em sua sexta edição brasileira, lançado pela editora Paz & Terra.

Além da obra, a editora relançou, ainda, como parte da coleção Biblioteca de Filosofia, os três volumes de História da Sexualidade, e o clássico Microfísica do Poder, como uma homenagem ao filósofo: neste ano, se completaram três décadas de sua morte (ele morreu em junho de 1984). As orelhas de todos os volumes foram escritas pelo filósofo Roberto Machado, uma das grandes referências no Brasil nos estudos sobre Foucault.

Em Isto Não É um Cachimbo, o francês parte do questionamento de Magritte sobre os fundamentos da representação na arte, e explora as nuances e ambiguidades da crítica visual do artista. O texto foi também uma homenagem do filósofo ao pintor, morto um ano antes da primeira publicação da análise, em 1968. "Havia claramente uma necessidade para reeditá-lo, não apenas pela demanda, mas pela importância da obra para os estudos da arte e na linguagem, e pela rara abordagem dentro da produção de Foucault", salienta a editora da Paz & Terra, Alice Bicalho. Além da nova edição e tradução, o livro também traz duas cartas que Magritte teria enviado à Foucault, escritas após o filósofo publicar uma crítica sobre a obra As Meninas, uma das mais famosas do pintor.

O livro trata, ainda, sobre um tipo de pintura do século 20 – tanto de Magritte e também de nomes como Paul Klee e Wassily Kandinsky, que romperam com os princípios da representação na arte. "Por ser um texto que vai na desconstrução de lugares comuns, naturalizados na nossa cultura, o livro exige, como dizem as teorias de Roland Barthes sobre leitura, uma duplicidade do leitor", frisa a editora.

Escolha

De acordo Alice Bicalho, a escolha de quais títulos de Foucault seriam retrabalhados se deu por uma renovação do catálogo da Paz & Terra (que foi incorporada ao Grupo Editorial Record no final de 2012). "Avaliamos casos de títulos que, por diversos motivos, não estavam bem-colocados no mercado como deveria estar, ou cuja edição corrente exigia uma nova atualização ou reestruturação", salienta.

Mais obras

Em homenagem aos 30 anos da morte de Michel Foucault, a editora Paz & Terra relançou alguns de seus clássicos:

Microfísica do Poder

Revisão técnica e organização de Roberto Machado. Paz & Terra, 432 págs; R$ 47,50. Filosofia.

A obra reúne diversos textos de Michel Foucault sobre assuntos como Psiquiatria, Justiça, o papel dos intelectuais e o Estado, todos com a questão do poder nas sociedades capitalistas como tema central. Há, ainda, uma reunião de entrevistas e conferências das quais o autor participou.

História da Sexualidade 1 – A Vontade de Saber

Tradução de Maria Thereza Costa Albuquerque e J.A Guilhon Albuquerque. Paz & Terra, 176 págs; R$ 38. Filosofia.

É a introdução de um dos estudos mais conhecidos do francês. Na obra, Foucault mostra que a sexualidade não foi reprimida com o advento do capitalismo – as obras da trilogia ganharam um novo projeto gráfico.

História da Sexualidade 2 – O Uso dos Prazeres

Tradução de Maria Thereza Costa Albuquerque. Paz & Terra, 320 págs; R$ 38. Filosofia.

A segunda parte continua a investigar como nasceu, nas sociedades ocidentais modernas, a noção de sexualidade. Para isso, o autor recua até a Grécia clássica para investigar como a atividade sexual se constitui como domínio de prática moral.

História da Sexualidade 3 – O Cuidado de Si

Tradução de Maria Thereza Costa Albuquerque. Paz & Terra, 320 págs; R$ 42. Filosofia.

No último volume dedicado ao tema, Foucault traz um estudo da reflexão filosófica, moral e médica sobre os prazeres e a conduta sexual. Discute também porque o culto a si mesmo se desenvolveu, até se transformar no que é hoje.

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