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Jefferson Luis Santos esculpe sua mais recente obra: um busto em mármore.  Segundo o artista curitibano, uma boa escultura necessita de paciência e dedicação para se tornar completa, além de inserção em local adequado para ser apreciada de forma integral |
Jefferson Luis Santos esculpe sua mais recente obra: um busto em mármore. Segundo o artista curitibano, uma boa escultura necessita de paciência e dedicação para se tornar completa, além de inserção em local adequado para ser apreciada de forma integral| Foto:

Carreira

Saiba mais sobre as exposições realizadas por Jefferson Santos

1992 a 1994 – Natal Avenida – participação com projetos em festividades natalinas

1998 – Segunda na Caixa, esculturas expostas em ciclo de leituras

1999 – 1ª Amostra de Artes Plásticas da FAP-PR

2000 – 2ª Amostra de Artes Plásticas da FAP-PR

2001 – 3ª Amostra de Artes Plásticas da Câmara Municipal de Curitiba, 24º Salão de Artes do CEFET-PR, Mostra coletiva Memorial de Curitibano2002 – Mostra coletiva Ver com as Mãos, Tocar com os Olhos

2002 – Obra do Mês SESC da Esquina

2003 – Obra do Mês SESC da Esquina

2003 – Mostra coletiva – Faculdades do Brasil

  • O artista em processo de criação: ateliê fica no Centro de Criatividade de Curitiba

Em uma manhã ensolarada de quinta-feira, um sujeito trajando camisa polo vermelha e calça jeans arqueava-se sobre um busto de pedra branca. As mãos gran­­des e os dedos gastos seguravam com firmeza uma ferramenta metálica, brilhante e pontiaguda. No busto, ainda sem forma definida, pontos em vermelho orientavam o escultor curitibano Jefferson Santos, que ganha a vida transformando gigantes e pesados blocos de pedra e bronze em obras de arte.

Jefferson é filho do pianista e maestro Wilson Santos, mas a arte que lhe cativou estava presente em sua casa de forma improvisada. Na oficina do pai, entre obras em madeira, o escultor se deparava pela primeira vez com ferramentas e objetos específicos do ramo. "Meu pai consertava coisas. Acho que isso despertou em mim o trabalho manual", revela o artista.

Jefferson Santos tem 33 anos e hoje trabalha pacientemente no Centro de Criatividade de Curitiba, anexo ao Parque São Lourenço. O espaço administrado pela Fundação Cultural de Curitiba – repleto de estátuas, moldes e pedras – é dividido entre quatro escultores e funciona como um ateliê artístico onde ideias são compartilhadas. Mas sua ligação com seu futuro "escritório" começou em 1990.

O então fundista – especialista em provas de atletismo de longas distâncias – "viu um cara fazendo esculturas no parque". E foi, correndo, buscar mais informações sobre o que via: pedras virarem figuras humanas, madeiras caídas se reerguerem em forma de arte. Santos se formou em Educação Artística com Habilitação em Artes Plásticas na FAP – Faculdade de Artes do Paraná, e hoje, mais do que criar, pensa e vive seu trabalho.

"O escultor tem que provar diariamente e a cada trabalho a sua técnica e o quanto de qualidade profissional ele tem. Não é como alguns artistas plásticos, que concebem ideias efêmeras que se perdem quando a moda passa", aponta.

O curitibano acabou de retornar de São Paulo, onde manteve contato com o coordenador de um ateliê. Tem obras expostas em galerias da capital paulista, assim como em Florianópolis, em duas vias públicas de Curitiba – uma delas é uma escultura de mármore que está na Rua Manoel Eufrásio, perto do Museu Oscar Niemeyer – e em Nova York: cinco árvores em madeira que foram compradas por um colecionador norte-americano. Em março, Santos parte para a Itália. Vai estudar quatro meses na cidadezinha de Pietrasanta, na região de Toscana. "Vou ter que bancar tudo", diz.

Se parte de sua vida profissional é assim – produzir e vender para terceiros, sejam eles colecionadores, escritórios de arquitetura, galerias, museus –, o prazer em esculpir revela-se ainda maior quando cria para si, de forma livre.

"Acontece pouco, mas acontece. E aí eu penso de forma orgânica, na beleza da pedra, em sua textura. Sempre deixo claras as características do material para que as pessoas se lembrem que aquilo é uma rocha", diz Santos, que tem quatro obras autorais em uma praça em frente a sua casa, no bairro Ahú.

Pedra sobre pedra

O escultor pensa sua arte de forma contextual. Critica, por exemplo, inserções artísticas como as estátuas presentes na Praça 19 de Dezembro – a "praça do homem nu". "Não é só depositar um objeto, porque aí somos obrigados a engolir aquilo. O espectador vai tropeçar visualmente na obra e criar um estigma negativo em relação à escultura", diz o artista, que aponta o planejamento como solução para melhor apreciação desse tipo de arte.

O conhecimento técnico sobre o material a ser trabalhado é outro ponto importante da vida de um escultor. Santos começou a trabalhar com pedras regionais, como pedra-ferro, basalto, e mármore paraná, mais fáceis de serem encontradas e mais baratas. Mas hoje esculpe em pedras importadas da Bélgica e da Itália. Os custos comparados ajudam a comprovar a qualidade do material. A tonelada de carrara, uma pedra italiana, custa cerca de 1.700 euros. A mesma quantidade de mármore espírito santo sai por R$ 700.

E se antes "emprestava" paralelepípedos das ruas do Largo da Ordem para esculpir suas ideias, hoje Santos tem pedras de sobra. Inclusive para fazer uma "estradinha de pedras brancas" em sua chácara.

Depois de retomar a ferramenta com as mãos, cerrar o olhar em direção ao busto que aos poucos ganha forma, reflete sobre o momento. "Hoje eu busco a essência que deixei escapar. Busco a beleza da escultura, que pode tanto ferir como germinar. Porque artes plásticas não precisam de textos para serem compreendidas."

Serviço

Na internet: www.santosjefferson.hpg.com.br

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