Convidados
Confira alguns dos intérpretes reunidos por Cacá Machado em Eslavosamba:
Elza Soares e Zé Miguel Wisnik
A "voz do samba" e o "professor universitário polaco que caiu no samba" fazem dueto em "Sim", de Cacá Machado e Eduardo Climachauska.
Ná Ozzetti
A cantora ligada à Vanguarda Paulista canta em "Casual", de Cacá Machado e Arthur Nestrovski.
Romulo Fróes
O músico, diretor artístico do álbum, canta em "Violeta" (Cacá Machado e Guilherme Wisnik).
Juçara Marçal e Arrigo Barnabé
A cantora, potente vocalista do projeto Metá Metá, traz "força ancestral afro-brasileira" à "Valsa Lunar", que divide com o paranaense.
Celso Sim
O cantor e ator paulistano interpreta "O Funâmbulo", que assina com Machado, e "Noite Branca" (C. Machado e Vadim Nikitin).
Márcia Castro
A baiana traz ar pop à "Divino Flerte" (C. Machado e V. Nikitin).
CD
Eslavosamba
Cacá Machado. YB Music/Circus. R$ 25 mais frete pelo site loja.circusproducoes.com.br. Download gratuito no site cacamachado.net.
Climachauska, Nestrovski, Wisnik, Nikitin, Stolarski. O quadro de sobrenomes dos parceiros de Cacá Machado reunidos em seu álbum de estreia, para início de conversa, já davam um título brincalhão inspirado nos Afro-sambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes: Eslavosamba. As primeiras notas da faixa de abertura, "Sim", não à toa são inspiradas no violão de Baden.
Mas o músico e produtor paulista, que é também acadêmico, puxa o fio e traz uma série de conexões que permeiam todo o disco, lançado em março, que reúne de Elza Soares a Arrigo Barnabé entre os convidados. "Eslavosamba" virou conceito. Liga a etimologia da palavra eslavo "escravo" ao uso poético da palavra samba como síntese da canção brasileira.
"Estamos todos escravos do samba de um jeito de pensar o Brasil como uma país particular, como a capacidade de criar canções de um jeito único, com força gigantesca", explica Machado, por telefone. "E é um samba vindo desse lugar branco, de eslavos, esse lugar frio mas que, nem por isso, não é quente."
A orientação conceitual não é regra, mas seus diálogos relacionados geram desconstruções como a faixa "Violeta" (com Guilherme Wisnik), que surgiu como samba, mas foi para o disco em compasso de valsa (gênero, aliás, comum na Europa central). O mesmo acontece com "Pagode Polaco Vinheta", "Pagode Polaco" e "Valsa Lunar" cujo clima camerístico é subvertido por atabaques de candomblé e pela "explosão do crocodilo" da voz de Arrigo Barnabé. "É um eslavosamba de raiz", brinca Machado.
Arrigo, autor de Clara Crocodilo (1980) uma das "experiências formativas da Vanguarda Paulista", para Machado não é um dos convidados de Eslavosamba à toa. O compositor se inscreve em uma tradição de desconstrução da música de São Paulo que Cacá Machado continua, reunindo gerações distintas e misturando a sofisticação acústica (vide Swami Jr. e Zeca Assumpção em faixas como "Valsa Lunar") e elétrica (na banda formada por Rodrigo Campos, Kiko Dinucci, Meno del Picchia e Gui Kastrup, coprodutor do disco). "Tinha a intuição da desconstrução. Não gratuita, mas acho que tenho esse pensamento de fundo de que o universo popular e o erudito precisam ser sempre friccionados", diz. "Mas, o tempo todo, me preocupei em fazer de um jeito gostoso, leve, musical. Porque afinal, música é para dançar, ouvir. É divino flerte", diz Machado, citando a faixa 11, cantada pela baiana Márcia Castro.
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