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| Foto: William West/AFP

Opinião

Uma provocação ao governo brasileiro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou a imprensa brasileira anteontem, ao comentar a prisão do fundador do WikiLeaks, Julian Assange. Afirmou que não via nos editoriais uma palavra em favor da liberdade de expressão.

Para ser coerente com seu apoio à Assange, Lula poderia provar seu apoio à liberdade de expressão. Bastaria convocar o Congresso Nacional a aprovar a Lei de Acesso à Informação Pública, que está pronta para ir à votação. Fica aqui o desafio à Lula. O presidente poderia realmente fazer a sua parte.

Rodrigho Deda, jornalista e advogado

O episódio do vazamento dos telegramas diplomáticos dos Estados Unidos tiveram como grandes vencedores a media tradicional, o jornalismo não tradicional e o público. O veredito é de Nikki Usher, em artigo publicado no site Nieman Journalism Lab, da Universidade de Harvard (www.niemanlab.org), no qual ele faz uma breve análise da parceria realizada entre grandes veículos mundiais – como a revista Der Spiegel e os jornais The New York Times e The Guardian – e a organização não governamental WikiLeaks.

A mídia tradicional fez coisas que o WikiLeaks não tinha como fazer, como, por exemplo, ser atendido pelas fontes oficiais do governo Obama, a fim de apurar os dados para as reportagens. O WikiLeaks proporcionou informações sigilosas num volume inimaginável a esses veículos. O resultado disso, na avaliação de Nikki Usher, é um público mais bem informado.

Detentor de um sofisticado sistema que permite qualquer pessoa vazar documentos sem ser identificado, o WikiLeaks forneceu – e ainda fornece – à mídia tradicional um grande volume de informações sigilosas, que, de outra forma, dificilmente chegaria às mãos de jornalistas. O WikiLeaks acaba sendo um "facilitador" de material sigiloso, tornando possível uma única pessoa divulgar informações secretas num alcance nunca antes visto.

Ao mesmo tempo, a organização não governamental torna possível que qualquer pessoa possa trabalhar os dados e criar informação de interesse público. E é exatamente aqui que entra a imprensa tradicional.

Jornalistas tradicionais, acostumados a gastar tempo em analisar dados para deles extrair histórias, avaliaram as informações vazadas ao WikiLeaks, omitiram nas reportagens nomes de pessoas que pudessem ser prejudicadas – o que também ocorre nos documentos brutos disponibilizados pelo WikiLeaks – e entrevistaram agentes públicos do governo norte-americano para, então, publicar reportagens com base nos vazamentos. Por fim, deram o tratamento visual ne­­cessário para que as informações brutas se tornassem compreensíveis para o público. (RD)

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