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Hugh Jack­­man está impecável no papel de Jean Valjean | Divulgação
Hugh Jack­­man está impecável no papel de Jean Valjean| Foto: Divulgação

Os Miseráveis

Confira fotos, trailer e sessões do filme no Guia da Gazeta do Povo.

Os fãs do romance clássico do escritor francês Victor Hugo (1802-1885) que forem assistir a Os Miseráveis, superprodução indicada a oito Oscars – que estreia hoje nos cinemas –, incluindo melhor filme, devem ficar bem atentos ao fato de que se trata de uma adaptação para o cinema não da obra literária, publicada em 1862, mas do espetáculo teatral Les Misérables – baseado no livro –, um dos musicais mais populares de todos os tempos, até hoje em cartaz no West End, distrito teatral de Londres, onde estreou há 27 anos.

Embora a peça seja uma versão relativamente fiel da saga de Jean Valjean, é importante que o público tenha em mente que, ao longo de seus 152 minutos de projeção, há poucos diálogos que não são cantados e a ação é costurada por pelo menos cinco dezenas de canções, que integram a peça, assinada pela dupla francesa Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg, também autores de Miss Saigon. Portanto, não é um filme para todo mundo.

O australiano Hugh Jack­­man (de Wolverine – A Origem) está impecável no papel de Valjean, um homem do povo, despossuído, que, na França do início do século 19, é preso e condenado por roubar um pão para saciar a fome da irmã. Após cumprir uma sentença de quase 20 anos, ele descobre que terá de carregar para todo o sempre o estigma de ex-detento: recebe do implacável inspetor Javert (Russell Crowe, de Gladiador) um documento que o identifica como criminoso. O papel deverá ser apresentado aonde quer que ele vá.

Ao perceber que sua liberdade condicional é, na verdade, uma prisão perpétua, que o condenará a uma vida de maus tratos e discriminação não importa o que faça e onde esteja, Valjean se rebela, foge e assume outra identidade, despertando a ira obsessiva de Javert, que dedicará a vida a persegui-lo.

Já como prefeito de uma pequena cidade e proprietário de uma fábrica (a ação se passa em plena Revolução Industrial), Valjean terá, como uma de suas operárias, a frágil Fantine, vivida por Anne Hathaway, que rouba a cena com sua breve, porém marcante atuação – é de sua personagem "I Dreamed a Dream", canção mais famosa do musical. A trágica história da personagem mudará o destino de Valjean, colocando sua existência de novo em movimento.

Intencionalmente exagerado, grandioso e de gosto por vezes duvidoso, beirando o kitsch, Os Miseráveis é um espetáculo coerente em sua essência e, por fim, arrebatador. O diretor Tom Hooper (de O Discurso do Rei) escapa da armadilha de fazer teatro filmado, colocando a câmera no rosto dos atores, os fazendo cantar ao vivo, em interpretações nem sempre perfeitas, afinadas, mas encharcadas de emoção, o que pode incomodar espectadores menos afeitos ao sentimentalismo, uma opção já de sua matriz teatral. Também não é recomendável aos detratores de musicais, que não será desta vez que mudarão de ideia. GGG1/2

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