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O inspetor Loki (Gyllenhaal) bate de frente com Keller Dover (Jackman), que chega a extremos para encontrar a filha sumida | Divulgação
O inspetor Loki (Gyllenhaal) bate de frente com Keller Dover (Jackman), que chega a extremos para encontrar a filha sumida| Foto: Divulgação

Cinema

Veja este e outros filmes no Guia JL.

Denis Villeneuve é uma exceção. Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, com o estupendo drama político Incêndios (2010), o cineasta franco-canadense conseguiu realizar um filme de grande orçamento, falado em inglês e com astros de Hollywood, sem perder a essência de seu cinema. Os Suspeitos (não confundir com o longa-metragem homônimo de Bryan Singer), que estreou no último fim de semana, é o melhor thriller lançado neste ano.

Ao longo de 2h26, Ville­neuve faz com que o espectador permaneça tenso, envolvido pela trama, e não sinta o tempo passar. Isso é muito raro em uma época na qual os diretores, por vezes, insistem em filmes mais longos, não por exigência do enredo, mas por demasiado apego ao material rodado, desprezando regras de concisão e controle da narrativa (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

Hugh Jackman, no papel mais complexo de sua carreira, é Keller Dover, um dedicado pai de família que vive em uma cidade de porte médio no estado da Pensilvânia. Ele e a esposa, Grace (Maria Bello), levam uma vida sem sobressaltos ao lado dos filhos, Anna (Erin Gerasimovich) e Ralph (Dylan Minnette). Até que essa estabilidade sofre um terrível revés.

No Dia de Ação de Graças, os Dover vão à casa de um casal vizinho, Nancy (Viola Davis) e Franklin Birch (Terrence Howard), onde passarão o feriado. A calmaria é abalada quando Anna e Joy (Kyla Drew Simmons), a filha mais nova dos Birch, desaparecem sem deixar vestígios.

A única pista é uma motorhome, trailer motorizado que estava estacionado na vizinhança e também sumiu. Mais tarde, a polícia irá descobrir que o veículo era dirigido por Alex Jones (Paul Dano, excelente), um jovem com a idade mental de um garoto de 10 anos, que passa a ser o principal suspeito, mas contra quem nada pode ser provado.

À medida em que os dias vão passando e nenhum rastro de Anna e Joy é encontrado, as famílias vão entrando em desespero. E Keller começa a perder a razão, o que o leva a atos impensáveis na tentativa de encontrar as duas meninas, batendo de frente com o investigador Loki (Jake Gyllenhaal, também em ótimo desempenho).

Como a trama se passa no início do inverno, quando os dias são mais curtos, cinzentos e chuvosos, Villeneuve imprime tanto à fotografia (do mestre Roger Deakins) quanto à própria história um tom sombrio, angustiante.

Como se estivessem em um labirinto, metáfora que tem tudo a ver com o enredo, os personagens se confrontam em busca de uma saída, de uma solução para o enigma muito bem arquitetado pelo roteiro, assinado por Aaron Guzikowski. O desfecho, cautelosamento armado, é surpreendente. GGGG

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