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Marcello Antony vive a saga do cavaleiro que defende seu reino em sangrentas batalhas | Divulgação / João Caldas
Marcello Antony vive a saga do cavaleiro que defende seu reino em sangrentas batalhas| Foto: Divulgação / João Caldas

Serviço

Macbeth

Teatro Bom Jesus (R. 24 de Maio, 135), (41) 2105-4000. Dias 26 e 27, às 21 horas, e 28, às 19 horas. Ingressos a R$ 50 (dias 26 e 28) e R$ 60 (dia 27).Classificação indicativa: 12 anos.

Destino e livre-arbítrio de mãos dadas

Leia a entrevista com o diretor Gabriel Villela, que traz sua versão de "Macbeth", ao Teatro Bom

Leia a entrevista completa

  • Cenas de
  • A encenação usa a estética de Bertolt Brecht (1898-1956), dramaturgo alemão que pregava a quebra do naturalismo
  • Golas elizabetanas para caracterizar os nobres
  • O diretor Gabriel Villela escalou apenas atores do sexo masculino
  • O cenário é composto por cadeiras de cinema, teares e malas
  • Peça shakesperiana é marcada por tragédias

Macbeth, uma das principais tragédias de Shakespeare, nutre o estigma de agourenta entre artistas. Como numa vingança medieval, o diretor Gabriel Villela estreou em maio uma versão que insere até humor patético em algumas cenas, e mexe com o texto clássico de forma a esclarecê-lo ao máximo.

A obra chega ao Teatro Bom Jesus neste fim de semana (veja o serviço completo do espetáculo no Guia Gazeta do Povo).

No lugar do hermetismo, que poderia afastar público, Villela optou por uma tradução que considera mais simples, a cargo de Marcos Daud, que elimina o formato de versos.

>>ÁUDIO: Ouça um trecho da entrevista com Marcello Antony

>>FOTOS: Veja mais imagens da montagem de Macbeth

"Ele faz a história aparecer de forma mais clara. O público se surpreende, entende a trama de forma nítida", explica o ator Cláudio Fontana, que interpreta Lady Macbeth. Sim, mesmo as mulheres são feitas por atores, como na época do bardo inglês.

Villela aplicou ainda o conceito de distanciamento, pelo qual os atores explicitam o fato de aquilo ser ficção, não realidade, com ajuda de um narrador.

Apesar de haver apenas homens em cena, as vozes saem neutras mesmo quando eles interpretam mulheres – influência da pesquisadora italiana Francesca Della Monica, que canta uma ária da ópera Dido e Enéas para a morte de Lady Macbeth.

Para completar, traz atores conhecidos do público – quem interpreta o protagonista, dividido a princípio e depois sanguinário, é Marcello Antony. "Ver o Gabriel criando... não basta só o universo de Shakespeare, ele tem um universo muito rico, e traduz tudo isso em cena no lado metafórico, simbólico", disse o ator, que conversou com a Gazeta do Povo. Antes, do rol shakespeariano, ele havia feito apenas As Alegres Comadres de Windsor.

Macbeth conta a história de um general que recebe a profecia de que se tornará rei. Quando outras predições se concretizam, e estimulado pela ambição exacerbada de sua mulher, ele mata o rei atual e é coroado. Para eliminar riscos ao cargo conquistado à força, não hesita em seguir com a carnificina.

As escolhas de encenação prometem, dado o mix de símbolos no palco: antenas representam uma espada, e teares sobrepostos constroem o castelo de Macbeth. Em meio aos fios e tentando utilizá-los para se livrar do destino, ele cumpre a predição das três irmãs, meio bruxas, meio moiras gregas, que precipitaram sua desgraça.

Espécie de ponto chave da peça – uma das principais curiosidades de quem assiste a várias versões do texto é saber como a próxima caracterizará esses seres – elas se tornam drag queens brincalhonas nas mãos de Villela. "Quis pensar como eram esses personagens tão bizarros e trágicos", afirmou o diretor, em entrevista à reportagem.

Apesar dos traços de humor trazidos à tragédia, ele avisa que essa montagem é mais soturna, silenciosa, do que fez em Sua Incelença Ricardo III – que estreou ano passado no Festival de Curitiba e se prepara agora para uma turnê na Espanha.

Imagens da peça Macbeth

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