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Nem só de boteco, cerveja e gente se chacoalhando vive o samba. Pelo menos é o que quer provar o grupo fluminense Revelação, atração de amanhã no imponente Teatro Guaíra. Mas a idéia não é tão absurda quanto parece. Afinal, o pagode anda em alta entre a classe média curitibana, basta conferir a intensa movimentação de conjuntos do gênero pelos bares da cidade. Portanto, não é de se espantar que exista uma audiência disposta a desembolsar até R$ 120 para assistir a um "pagodão"– e o que é pior, sentada.

Surgido há 12 anos, o Revelação passou boa parte desse tempo tocando apenas nos subúrbios do Rio de Janeiro, sem nenhuma divulgação na grande mídia. A virada na carreira aconteceu no fim dos anos 90, quando as noitadas de "pagode de mesa" comandadas pelo sexteto ficaram cada vez mais concorridas. O passo seguinte foi assinar com uma gravadora, entrar em estúdio e divulgar o trabalho nas rádios e emissoras de tevê. Resumo da ópera, ou melhor, da batucada: mais de um milhão de CDs e DVDs vendidos.

Ironicamente, o auge do Revelação coincide com o desgaste do samba romântico no mercado e o conseqüente declínio de figurões como Karametade, Katinguelê, Art Popular e Negritude Júnior, entre outros. Uma prova de que as modas musicais passam, mas sempre deixam alguma herança.

É verdade que o grupo fluminense costuma gravar composições de nomes tradicionais do samba, como Arlindo Cruz, Sombrinha, Aniceto do Império, Leci Brandão, etc. No entanto, apesar do interesse do sexteto pelo som "de raiz", o que atrai mesmo o público é o romantismo. "Grades do Coração", por exemplo, um de seus maiores sucessos, dá o tom das letras do conjunto: "Quando eu te vi pela primeira vez/ Me encantei com seu jeitinho de ser/ Seu olhar tão lindo me fez viajar/ Vi no seu sorriso imenso mar".

Depois dos sertanejos Zezé di Camargo e Luciano e dos pagodeiros do Revelação, o Guairão receberá, na sexta-feira que vem, outro artista com apelo popular, o cantor Daniel. É o som da periferia e das feiras agropecuárias invadindo o reduto da classe média.

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