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DVD

Pai neurótico conduz uma Busca Implacável

Produção francesa falada em inglês fez um sucesso incomum nos EUA, tem Liam Neeson como protagonista e aposta em cenas de ação feitas no muque

Liam Neeson: um herói de ação improvável e convincente num filme com o dedo de Luc Besson | Divulgação
Liam Neeson: um herói de ação improvável e convincente num filme com o dedo de Luc Besson (Foto: Divulgação)

No cinema, Busca Implacável não fez muita diferença no Brasil. Entrou em cartaz, saiu pouco depois e ninguém falou nada. Agora, o filme está disponível em DVD. No intervalo entre um lançamento e outro, ele entrou em cartaz nos Estados Unidos e, surpresa, se tornou um sucesso.

Conseguiu ficar em primeiro lugar nas bilheterias na semana de estreia – a primeira de fevereiro –, continua entre os dez mais há um mês e já rendeu US$ 80 milhões (cerca de R$ 190 milhões), mais que o dobro do seu custo, só no mercado norte-americano. É o caso de perguntar o que o filme tem para conseguir essas proezas.

Um astro que arrasta multidões ao cinema? Não. Liam Neeson é um ótimo ator, mas não é sempre que carrega uma produção nas costas. Além de nunca ter assumido um papel de herói de ação – algo que encarou em Busca Implacável, aos 56 anos de idade.

Um diretor de renome? Não. Este é apenas o segundo filme de Pierre Morel, um profissional com um bom currículo em direção de fotografia.

Efeitos visuais fantásticos, gerados por computador? Também não. O filme tem várias sequências de tirar o fôlego, mas nenhuma delas usa computação gráfica. Numa perseguição de carro, são carros de verdade, motoristas de verdade, batidas de verdade. As lutas – sim, Liam Neeson sai no braço com meio mundo – são coreografadas e bem-feitas.

Espere um pouco.

Talvez esses "nãos" expliquem o sucesso do filme. Isso e o homem por trás do roteiro e da produção: Luc Besson, o Steven Spielberg da França, diretor que fez Imensidão Azul, O Profissional, O Quinto Elemento e Joana d’Arc.

Busca Implacável oferece um produto que o público já conhece, mas com alguns elementos estranhos que funcionam. Como quem coloca cardamomo no café. Ainda é café, mas com um sabor diferente.

Bryan Mills (Neeson) é um ex-agente do governo britânico que se afastou do trabalho para ficar mais próximo da filha Kim (Maggie Grace), que vive com a mãe e o padrasto.

Neurótico como qualquer pai, mas com o agravante de ter sido um funcionário da inteligência, Mills cria várias teorias conspiratórias ao redor da filha adolescente. Quando ela pede para viajar a Paris com uma amiga – ambas são menores de idade –, a mãe deixa e o pai... deixa, mas com condições. Uma delas é carregar um celular e avisar sempre onde está, ligando de tempos em tempos.

Em Paris, a garota vira vítima de criminosos albaneses, que sequestram viajantes estrangeiras e as vendem como escravas, além de obrigá-las a se prostituírem (o que conseguem fazer viciando-as em drogas).

Mills não tem dificuldades de descobrir o paradeiro da filha e dos bandidos. Ele é quase um sessentão, mas manda bem no corpo a corpo. Para complicar a vida dos albaneses, ele tem vários contatos influentes e, pior, uma culpa gigantesca por ter sido um pai ausente. O resultado é que ele não se importa de matar, explodir, torturar, extorquir, enganar, esmurrar, chutar e atirar. Lançando mão às vezes de uma combinação de dois ou mais verbos.

As cenas de ação – todas feitas no muque – são mesmo boas. Quando ele pega um Audi para perseguir por terra os sequestradores que fogem pelo rio Sena, é impossível não lembrar de Ronin (1998), em que o diretor John Frankenheimer ignorou os computadores em nome de truques clássicos, como microfones para os motores dos carros, e bons motoristas.

Por ser uma produção européia (da França), a história é simples, mas não é ingênua como costumam ser os filmes de ação rodados nos EUA – embora o fim seja colorido exatamente como nas produções americanas. Liam Neeson pode ser um herói de ação improvável, mas convence muito. GGG1/2

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