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Um alto funcionário do governo do Malauí descreveu como falsas as declarações de um pai analfabeto que afirmou ter sido enganado para que entregasse seu filho para ser adotado pela diva pop Madonna. Yohane Banda, pai do garoto de 1 ano, disse à Reuters Television no sábado que nunca teve a intenção de deixar que seu filho fosse adotado por Madonna. Ele acusou altos funcionários do governo de não lhe dizer a verdade sobre os documentos que assinou.

Falando em sua língua local, chichewa, Banda disse: "Se tivessem nos dito que Madonna queria adotar meu filho e fazê-lo filho dela, não teríamos concordado."

- Teria sido melhor para ele continuar no orfanato, porque não vejo razão para que meu filho seja dado para sempre, quando eu posso alimentá-lo - disse Banda, falando em seu povoado de Lipunga, perto da fronteira com a Zâmbia.

Mas suas declarações foram categoricamente desmentidas por Penson Kilembe, diretor de bem-estar infantil do Ministério da Mulher e do Desenvolvimento Infantil, que disse à Reuters que o ministério explicou todos os detalhes do processo a Banda e sua família.

- Explicamos todos os detalhes, e a própria Madonna falou de suas intenções diante do juiz e na presença de Banda - disse Kilembe. - Foi perguntado várias vezes a ele (Banda), no tribunal, se ele compreendia o que estava acontecendo, e ele disse que sim.

Kilembe é um dos altos funcionários governamentais com quem Banda afirma ter se reunido várias vezes para discutir a situação de seu filho, David, e que Banda disse que o fez assinar papéis que, mais tarde, ele afirmou não ter entendido. Banda disse à Reuters que não sabe ler ou escrever e que confiou no que os funcionários do governo lhe disseram.

Kilembe falou que foi dito a Banda que 12 crianças foram apresentadas a Madonna, que escolheu David, e que lhe foi dito que, se Banda não quisesse que seu filho fosse adotado, a cantora escolheria outra criança.

Madonna passou nove dias no Malauí, a partir de 4 de outubro, numa viagem descrita por seus agentes como sendo uma visita humanitária para ajudar milhares de órfãos no país do sul da Africa duramente atingido pela Aids.

Mas ela provocou controvérsia devido aos planos de adotar David, que na semana passada foi levado de avião a Londres para ficar com ela.

Grupos malauianos de defesa dos direitos das crianças acusaram o governo de infringir suas próprias leis ao conceder uma autorização interina de adoção a uma pessoa não residente no país e estão contestando o processo.

Na entrevista à Reuters, Yohane Banda disse que o que lhe foi dito pelas autoridades foi que os papéis que assinou diziam que Madonna cuidaria de David, o educaria e o traria de volta.

- O que ele lhes disse agora nao é verdade - falou Kilembe, mas se recusou a mostrar os documentos de adoção assinados pelo pai da criança.

Na sexta-feira, a Alta Corte de Lilongue vai começar a ouvir a ação impetrada pelo Comitê Consultivo de Direitos Humanos (HRCC), uma aliança de 67 grupos de defesa dos direitos humanos, que argumenta que as leis do Malauí proíbem as adoções internacionais.

A cantora, que é casada com o cineasta britânico Guy Ritchie, espera fazer de David um irmão de sua filha Lourdes, 10 anos, e seu filho Rocco, 6. Ela nega ter passado por cima dos procedimentos de praxe para acelerar o processo de adoção.

A autorização de adoção provisória prevê que David ficará com Madonna por 18 meses e será acompanhado por representantes do Malauí antes de ser concedida a aprovação para sua adoção definitiva.

Leia mais: Reuters/O Globo Online

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