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Regina Bastos, que estreia nesta quinta-feira, precisou de coragem para enfrentar o desafio | Gilson Camargo/Divulgação
Regina Bastos, que estreia nesta quinta-feira, precisou de coragem para enfrentar o desafio| Foto: Gilson Camargo/Divulgação

Elenco

Uma mostra trará dez capítulos do projeto Iliada-homero durante o Festival de Teatro, de 31 de março a 5 de abril. Conheça os atores:

Canto 1

Claudete Pereira Jorge

Canto 3

Lourinelson Vladmir

Canto 7

Helena Portela

Canto 8

Celia Ribeiro

Canto 13

Katia Horn

Canto 14

Eliane Campelli

Canto 15

Regina Bastos

Canto 16

Richard Rebelo

Canto 22

Patrícia Reis Braga

Canto 24

Andressa Medeiros

Programe-se

Iliadahomero Canto 15

Sala Londrina – Memorial de Curitiba. Com Regina Bastos. Dir. de Octávio Camargo. Dias 29, 30 e 31/1 às 19h30 e 1º/2 às 17h. R$ 20 e R$ 10.

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O sonho do compositor Octávio Camargo de levar atores curitibanos para encenar toda a Ilíada na Grécia em 2016 fica mais tangível à medida que os capítulos ficam prontos e estreiam, pouco a pouco.

De quinta-feira a domingo é a vez do Canto 15, na voz, corpo e paixão de Regina Bastos. Convidada para substituir outra atriz, ela abraçou há meio ano o desafio de interpretar uma parte do catatau. Durante 40 minutos de monólogo, ela precisa dar conta de 16 personagens, cada um com feição e voz particulares.

Nem os nomes próprios nem os verbos que eles manejam são usuais. Ascálafo, Andremônio – o etólio –Antíloco e Menalipo entram e saem de cena na velocidade de suas flechas.

Trata-se de mais um confronto entre gregos e troianos dentro do projeto arquitetado pelos deuses para dar a vitória a Aquiles – mas para isso será necessário cansar muito seus patrícios, até convencer o desdenhoso do calcanhar suscetível a voltar à batalha.

A surpresa é que a erudição da proposta não tem afastado a audiência, inclusive a infanto-juvenil.

Projeto

O projeto de Camargo, Iliadahomero Grécia 2016, já dura uma década. Começou com o Canto 1, com a veterana Claudete Pereira Jorge, cujo monólogo dava conta do início do conflito, quando o sequestro de duas garotas coloca gregos e troianos em pé de guerra, sob a influência dos deuses.

A experiência deu certo, e rendeu indicações e um troféu Gralha Azul (para a iluminação). Depois, seguiram-se outros sete capítulos, de acordo com a disponibilidade dos atores.

Emocional

Apesar de os monólogos seguirem o mesmo padrão de luz e figurino, a ideia é deixar cada ator à vontade para dar cores diferentes aos papéis. Foi o que aconteceu com Regina, também veterana nos palcos curitibanos e indicada como melhor atriz por seu último trabalho, Tchékhov.

"Não queria fazer uma interpretação fria, então me inspirei num ator da antiguidade que fazia de forma apaixonada. Optei por me envolver emocionalmente", contou à reportagem da Gazeta do Povo, que teve acesso a um ensaio.

Seu canto é crucial dentro da Ilíada porque prepara o ambiente para o clímax, que ocorre no Canto 16, com a morte de Pátroclo. Embalada pelo envolvimento de Regina, a batalha agora ganha a participação do deus Marte – cuja face fica toda vermelha quando sabe da morte do filho (a luz de Beto Bruel, casado com Regina, permite distinguir os personagens).

A atriz surpreende ao alternar registros como fúria e carinho, fazendo uso do corpo em gestos precisos e acrescentando paixão ao cânone.

Aprovação de crianças revela lado pop da obra

Antes de cada apresentação, Octávio Camargo faz uma inspirada sinopse do enredo que desbancaria qualquer professor de cursinho. Fruto de seu conhecimento da obra, pela qual é fascinado. Mesmo assim, é difícil acompanhar a história. A novidade no ano passado foi descobrir que "a juventude está muito próxima do mito", contou à reportagem o diretor.

A descoberta aconteceu em outubro, durante apresentações para a rede pública. Cerca de 400 jovens na faixa dos 14 anos acompanharam dois monólogos. Contrariando o temor nutrido pela equipe de que o eruditismo da obra causasse distanciamento, a resposta foi de "delírio". "Ficaram quietos, sem dar um pio. No final, faziam perguntas e saíam imitando escudos e lanças. Perceberam que não precisam comprar um brinquedo para brincar, podem usar o corpo e a imaginação", comemora Camargo.

A lição de que a Ilíada é "pop", nas palavras do diretor, já foi dada pelos "nossos poetas", como Leminski. "Comecei a entender que as récitas da antiguidade eram para educar os jovens, não para os velhos", diz Camargo.

Estimulados pela boa resposta do público, os atores passaram a acrescentar mais visualidade a seus monólogos, simulando movimentos do atletismo e da dança.

A esperança agora é que o ousado projeto estimule, além do teatro, a leitura. Ousado também é o plano para o ano que vem: como indica o nome do projeto, Iliadahomero Grécia 2016, a intenção é conseguir patrocínio para apresentar os 24 cantos na Grécia durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro.

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