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O editor e livreiro Thiago Tizzot é exemplo no “faça você mesmo” literário | Priscila Forone/Gazeta do Povo
O editor e livreiro Thiago Tizzot é exemplo no “faça você mesmo” literário| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

O publicitário Thiago Tizzot começou com a editora própria (a Arte & Letra), por acaso: ele participava de um site que reunia fãs do escritor J.R.R Tolkien, que queriam o livro Curso de Quenya: a Mais Bela Língua dos Elfos, que não tinha tradução no Brasil. Uma tia de Tizzot tinha uma editora desativada, e lá foi ele aprender como funcionavam todos os trâmites para viabilizar o projeto. O resultado é que o livro de Tolkien foi lançado em 2004 e se esgotou em pouco tempo. Gostou do ofício, e não parou mais.

Com infraestrutura praticamente familiar (o irmão, Frederico, cuida da parte gráfica e a mãe, Iara, faz as revisões ), a editora – que começou publicando dois livros por ano e, hoje, tem média de uma obra mensal – está no mercado há sete anos. Nesse meio tempo, Tizzot publicou seus dois livros pelo selo: O Segredo da Guerra (2005) e A Ira dos Dragões (2009).

Em 2006, ainda conciliava o trabalho de editor e escritor com o de redator publicitário, mas resolveu deixar o emprego quando veio a ideia de abrir uma livraria. Passeando pela Alameda Presidente Taunay, no Batel, viu que uma ampla casa havia sido alugada para abrigar um café (o Lucca Café Especiais). "Apresentei a ideia de colocar a livraria dentro do café, e eles gostaram." Porém, a meia dúzia de estantes ficou pequena, e eles devem inaugurar nova sede no mês que vem.

Não satisfeito, o editor lançou em 2008 a revista trimestral Arte & Letra: Estórias, que resgata textos importantes e busca apresentar conteúdo inédito. Émile Zola, Paul Auster e José Saramago são alguns dos autores já publicados. Tanto na edição da revista quanto na dos livros, Tizzot procura textos que escapam do olhar dos grandes selos. Um exemplo é Novelas Exemplares, de Miguel de Cervantes, que estava fora de catálogo no país e foi publicado em três volumes na revista (dois já saíram). "Procuramos essa brecha nas pesquisas e fazemos um bom trabalho gráfico. Sempre digo que nossos livros têm de beirar a perfeição."

Exercer os três papeis simultaneamente é "complicado", diz. "Dá para levar, mas acaba tendo períodos em que foco em uma coisa só." De manhã e à tarde, Tizzot trabalha na editora e na livraria; à noite, escreve. Apesar de ter todo o aparato em mãos, ele se sentia incomodado em editar os próprios textos, tanto que deve fechar com uma grande editora no segundo semestre. "Eu sentia falta de alguém trabalhando meu livro. Me sinto estranho falando bem do meu trabalho. Essa experiência com um selo maior era algo que eu queria ter. Mas o ritmo vai continuar o mesmo." Escritor, portanto, só à noite.

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