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Literatura

Palestra debate obra de Rubem Fonseca

Escritor Deonísio da Silva analisa amanhã os temas centrais da obra do autor mineiro, homenageado da 33ª Semana Literária Sesc

Rubem Fonseca, tema da palestra de Deonísio: “luta de classes no varejo” | Zeca Fonseca/Divulgação
Rubem Fonseca, tema da palestra de Deonísio: “luta de classes no varejo” (Foto: Zeca Fonseca/Divulgação)
Deonísio da Silva: trabalho do etimologista mistura o de botânico e o de jardineiro |

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Deonísio da Silva: trabalho do etimologista mistura o de botânico e o de jardineiro

Na década de 1970, quando era estudante de Letras em Curitiba, o escritor catarinense Deonísio da Silva fez um pedido a seu professor: queria mudar o tema do trabalho proposto, da resenha de Dom Casmurro, de Machado de Assis, que já havia lido anos antes no seminário, pelo romance O Caso Morel, recém-lançado pelo escritor mineiro Rubem Fonseca. O professor topou. E como o trabalho ficou bom, o incentivou a enviar o material para o autor do livro.

Alguns dias depois, Rubem Fonseca procurou pessoalmente o jovem aspirante a escritor para conversar. Algo surpreendente, pois, à época, Fonseca já cultivava uma discrição que só tem par com a de Dalton Trevisan na literatura brasileira. Do episódio, nasceu uma amizade entre os dois que perdura até hoje.

Deonísio estará em Curi­tiba amanhã, justamente para falar a respeito do amigo na palestra Rubem Fonseca: Caminhos Violentos, que analisa o viés da violência na obra de Fonseca, o autor homenageado da 33.ª Semana Literária Sesc.

Segundo Deonísio, o bate-papo vai abordar os dois "temas gemêos" sobre os quais se estrutura a literatura de Fonseca. "A violência e o erotismo", afirma.

Para ele, os dois assuntos são tão fortes por conta da própria geografia social do Rio de Janeiro, que é o pano de fundo de as histórias de Fonseca. "O Rio é uma cidade erótica. Mais que qualquer outra, as pessoas andam quase peladas, se expondo nas praias. Há uma liberação de costumes, a cidade é mais receptiva para a diversidade", observa.

"Por outro lado, ao contrário de outras megalópoles, o pobre não está segregado nas periferias. Ele convive e disputa os mesmos espaços com os ricos. Dali nasce um confronto que, por vezes, explode em violência. Algo que sempre existiu, mas ganha intensidade com o fortalecimento do mercado das drogas na década de 1970", explica.

Dentro deste cenário, Deonísio ressalta que a literatura de Fonseca é permeada por uma "luta de classes no varejo", com forte influência da literatura policial norte-americana. "Os indivíduos resolvem as coisas entre si, com muita violência, como realmente ocorre no cotidiano da cidade", analisa.

Jardineiro

Deonísio da Silva é autor de dezenas livros, dos mais diversos gêneros. Seu romance Avante, Soldados: Para Trás (1992) ganhou o Prêmio Internacional Casa de las Américas, com júri presidido por José Saramago. Há 20 anos, é colunista da revista Caras, onde escreve sobre etimologia, o estudo da origem das palavras.

"É uma grande paixão desde a minha adolescência profunda, quando descobri no seminário que o português vinha do latim e do grego", conta.

Este também é o tema de seu livro mais recente, De Onde Vêm as Palavras, que Deonísio irá autografar antes da palestra. "O trabalho do etimologista alia o do botânico e do jardineiro. É preciso saber de onde vêm as palavras, mas também saber contar a história delas", compara.

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