• Carregando...
Rubem Fonseca, tema da palestra de Deonísio: “luta de classes no varejo” | Zeca Fonseca/Divulgação
Rubem Fonseca, tema da palestra de Deonísio: “luta de classes no varejo”| Foto: Zeca Fonseca/Divulgação

Palestra

Rubem Fonseca: Caminhos Violentos

Com Deonísio da Silva e mediação de Álvaro Costa e Silva (o Marechal). Praça Santos Andrade. Amanhã, dia 19, às 17 horas. Entrada franca.

  • Deonísio da Silva: trabalho do etimologista mistura o de botânico e o de jardineiro

Na década de 1970, quando era estudante de Letras em Curitiba, o escritor catarinense Deonísio da Silva fez um pedido a seu professor: queria mudar o tema do trabalho proposto, da resenha de Dom Casmurro, de Machado de Assis, que já havia lido anos antes no seminário, pelo romance O Caso Morel, recém-lançado pelo escritor mineiro Rubem Fonseca. O professor topou. E como o trabalho ficou bom, o incentivou a enviar o material para o autor do livro.

Alguns dias depois, Rubem Fonseca procurou pessoalmente o jovem aspirante a escritor para conversar. Algo surpreendente, pois, à época, Fonseca já cultivava uma discrição que só tem par com a de Dalton Trevisan na literatura brasileira. Do episódio, nasceu uma amizade entre os dois que perdura até hoje.

Deonísio estará em Curi­tiba amanhã, justamente para falar a respeito do amigo na palestra Rubem Fonseca: Caminhos Violentos, que analisa o viés da violência na obra de Fonseca, o autor homenageado da 33.ª Semana Literária Sesc.

Segundo Deonísio, o bate-papo vai abordar os dois "temas gemêos" sobre os quais se estrutura a literatura de Fonseca. "A violência e o erotismo", afirma.

Para ele, os dois assuntos são tão fortes por conta da própria geografia social do Rio de Janeiro, que é o pano de fundo de as histórias de Fonseca. "O Rio é uma cidade erótica. Mais que qualquer outra, as pessoas andam quase peladas, se expondo nas praias. Há uma liberação de costumes, a cidade é mais receptiva para a diversidade", observa.

"Por outro lado, ao contrário de outras megalópoles, o pobre não está segregado nas periferias. Ele convive e disputa os mesmos espaços com os ricos. Dali nasce um confronto que, por vezes, explode em violência. Algo que sempre existiu, mas ganha intensidade com o fortalecimento do mercado das drogas na década de 1970", explica.

Dentro deste cenário, Deonísio ressalta que a literatura de Fonseca é permeada por uma "luta de classes no varejo", com forte influência da literatura policial norte-americana. "Os indivíduos resolvem as coisas entre si, com muita violência, como realmente ocorre no cotidiano da cidade", analisa.

Jardineiro

Deonísio da Silva é autor de dezenas livros, dos mais diversos gêneros. Seu romance Avante, Soldados: Para Trás (1992) ganhou o Prêmio Internacional Casa de las Américas, com júri presidido por José Saramago. Há 20 anos, é colunista da revista Caras, onde escreve sobre etimologia, o estudo da origem das palavras.

"É uma grande paixão desde a minha adolescência profunda, quando descobri no seminário que o português vinha do latim e do grego", conta.

Este também é o tema de seu livro mais recente, De Onde Vêm as Palavras, que Deonísio irá autografar antes da palestra. "O trabalho do etimologista alia o do botânico e do jardineiro. É preciso saber de onde vêm as palavras, mas também saber contar a história delas", compara.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]