
O fato de a Virada Cultural ter sido um sucesso deixa o presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) com um sorisso permanente no rosto. Paulino Viapiana, de 50 anos, acompanhou vários dos eventos realizados do meio-dia do sábado até as 17 horas do domingo. "Foi uma maravilha. Estou feliz com isso", diz Viapiana.
O titular da pasta da Cultura da prefeitura de Curitiba comemora que a Virada transcorreu durante 29 horas sem nenhum problema grave de segurança. "O nosso receio era de que houvesse algum caso mais complicado. Claro que teve um probleminha aqui ou ali, mas nada relevante", diz.
Viapiana e o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, observaram, do segundo andar do Paço da Liberdade, a apresentação de Paulinho da Viola, às 13 horas do sábado. Os dois sorriam. "É que a gente conferia que o público, por mais aglomerado que estivesse, não pisava nos canteiros da Praça Generoso Marques. Além disso, a população preservou o patrimônio público. A Guarda Municipal confirma que a cidade não foi vandalizada", comenta Viapiana.
A Virada teve um custo de R$ 1,5 milhão para a Prefeitura de Curitiba. R$ 800 mil saíram do Fundo Municipal de Cultura. A vereadora Renata Bueno (PPS-PR) destinou R$ 450 mil de uma emenda que apresentou na Câmara. O vereador Caíque Ferrante (PRP-PR) garantiu mais R$ 30 mil, da mesma dotação orçamentária. A FCC completou o investimento, para bancar o material de divulgação.
Viapiana lembra que a Virada aconteceu devido a uma soma de forças. O Sesc Paraná, por exemplo, entrou com outros R$ 150 mil, além de disponibilizar os funcionários do Paço da Liberdade para ajudar na logística. O Sesi, por sua vez, pagou os cachês dos artistas que se apresentaram no Palco Ruínas. O presidente da FCC conta que alguns espetáculos de teatro em cartaz, por exemplo, tiveram a bilheteria comprada para que o público tivesse opções gratuitas de fruição cultural.
O fato de os curitibanos terem aderido à Virada é motivo de muita alegria para Viapiana. Ao ser informado que, durante a maratona cultural, a população repetia a frase "isso nem parece Curitiba", o presidente da FCC elaborou uma tese: "Se fosse para fazer uma analogia, eu diria que o curitibano lembra aquele sujeito que primeiro atira e depois pergunta. Muita gente diz que não tem nada para fazer, culturalmente falando, em Curitiba. Como não? Lógico que tem muita atividade cultural na cidade. Na Virada, apenas colocamos a cultura na praça, na rua, no trajeto das pessoas. Daí, quando o cidadão se depara com a arte, ele reconhece, gosta e aplaude."
Ele adianta que, já nesta semana, depois do balanço oficial, o próximo passo será começar a preparar a Virada de 2011, que deve acontecer no início da primavera, dia 23 de setembro.
O gaúcho Paulino Viapiana é jornalista e percebe que a Virada representa um marco, por ter levado a população para as ruas, mas admite que ainda falta muito para tornar Curitiba mais envolvida com as artes. "Quando você conversa com amigos, perceba, as pessoas saem para comer pizza, pegar uma balada, no máximo um cinema. Quantos propõem assistir a um concerto ou a uma peça de teatro? O curitibano precisa colocar a cultura no seu cardápio", finaliza.



