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No Palco Riachuelo, Erasmo Carlos fez, na tarde de domingo, o show de encerramento da Virada Cultura, evento que levou 150 mil pessoas para as ruas de Curitiba | Walter Alves/Gazeta do Povo
No Palco Riachuelo, Erasmo Carlos fez, na tarde de domingo, o show de encerramento da Virada Cultura, evento que levou 150 mil pessoas para as ruas de Curitiba| Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo

Balanço

A reportagem da Gazeta do Povo, que esteve presente na Virada Cultural, aponta pontos altos do evento e dá sugestões para a edição de 2011.

Pontos altos

Público diversificado

Por um bom motivo, o curitibano sai de casa e, mais, é capaz de passar a madrugada inteira na rua. Os três principais palcos da Virada Cultural estiveram cheios o tempo todo. No Palco Riachuelo, por exemplo, meninas de saias rodadas e flores nos cabelos foram as figuras mais vistas no show da cantora Mart’nália, que aconteceu ao meio-dia de domingo. Algumas horas depois, no entanto, a platéia neohippie deu lugar a uma legião de roqueiros de todas as idades, quando Erasmo Carlos subiu ao palco para o encerramento do evento.

Organização e segurança

A circulação entre os palcos era tranquila, e a maioria dos shows começou no horário marcado. Os palcos foram estrategicamente montados e com criatividade driblaram alguns obstáculos naturais – uma estátua, no caso da Rua Riachuelo, e escadas, na Praça da Espanha. A reportagem da Gazeta do Povo não presenciou nenhum problema relacionado à violência.

Sob duas rodas

Muita gente venceu o percurso entre um palco e outro de bicicleta. Em alguns locais, ficou até difícil encontrar uma vaga para estacionar as magrelas, que ficaram amontoadas umas sobre as outras. Foi uma boa alternativa para não perder nenhum show do evento, não se preocupar com estacionamentos pagos ou possíveis engarrafamentos.

Riachuelo

Durante todo o evento, a recém-revitalizada Rua Riachuelo foi rota para chegar até o palco instalado na Praça Generoso Marques, tanto para quem voltava da apresentação de Roberto Carlos, no sábado à noite, quanto para quem "descia" das Ruínas do Largo da Ordem durante todo o domingo. A nova iluminação e a pintura colorida dos imóveis fizeram muita gente perder o medo do lugar.

O que pode melhorar

Divulgação

Mesmo circulando pelas ruas durante a Virada, algumas pessoas não sabiam, por exemplo, o porquê de algumas ruas fechadas ou o motivo de um palco instalado em plena Riachuelo. Com uma divulgação mais intensa e antecipada, o público poderia ter sido ainda maior.

Comércio

Alguns comerciantes, principalmente os donos de estabelecimentos ao redor da Praça Generoso Marques, ao lado do Palco Riachuelo, pareciam não ter se preparado para receber tanta gente. As bebidas acabaram rápido.

O fato de a Virada Cultural ter sido um sucesso deixa o presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) com um sorisso permanente no rosto. Paulino Viapiana, de 50 anos, acompanhou vários dos eventos realizados do meio-dia do sábado até as 17 horas do domingo. "Foi uma maravilha. Estou feliz com isso", diz Viapiana.

O titular da pasta da Cultura da prefeitura de Curitiba comemora que a Virada transcorreu durante 29 horas sem nenhum problema grave de segurança. "O nosso receio era de que houvesse algum caso mais complicado. Claro que teve um probleminha aqui ou ali, mas nada relevante", diz.

Viapiana e o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, observaram, do segundo andar do Paço da Liberdade, a apresentação de Paulinho da Viola, às 13 horas do sábado. Os dois sorriam. "É que a gente conferia que o público, por mais aglomerado que estivesse, não pisava nos canteiros da Praça Generoso Marques. Além disso, a população preservou o patrimônio público. A Guarda Municipal confirma que a cidade não foi vandalizada", comenta Viapiana.

A Virada teve um custo de R$ 1,5 milhão para a Prefeitura de Curitiba. R$ 800 mil saíram do Fundo Municipal de Cultura. A vereadora Renata Bueno (PPS-PR) destinou R$ 450 mil de uma emenda que apresentou na Câmara. O vereador Caíque Ferrante (PRP-PR) garantiu mais R$ 30 mil, da mesma dotação orçamentária. A FCC completou o investimento, para bancar o material de divulgação.

Viapiana lembra que a Virada aconteceu devido a uma soma de forças. O Sesc Paraná, por exemplo, entrou com outros R$ 150 mil, além de disponibilizar os funcionários do Paço da Liberdade para ajudar na logística. O Sesi, por sua vez, pagou os cachês dos artistas que se apresentaram no Palco Ruínas. O presidente da FCC conta que alguns espetáculos de teatro em cartaz, por exemplo, tiveram a bilheteria comprada para que o público tivesse opções gratuitas de fruição cultural.

O fato de os curitibanos terem aderido à Virada é motivo de muita alegria para Viapiana. Ao ser informado que, durante a maratona cultural, a população repetia a frase "isso nem parece Curitiba", o presidente da FCC elaborou uma tese: "Se fosse para fazer uma analogia, eu diria que o curitibano lembra aquele sujeito que primeiro atira e depois pergunta. Muita gente diz que não tem nada para fazer, culturalmente falando, em Curitiba. Como não? Lógico que tem muita atividade cultural na cidade. Na Virada, apenas colocamos a cultura na praça, na rua, no trajeto das pessoas. Daí, quando o cidadão se depara com a arte, ele reconhece, gosta e aplaude."

Ele adianta que, já nesta semana, depois do balanço oficial, o próximo passo será começar a preparar a Virada de 2011, que deve acontecer no início da primavera, dia 23 de setembro.

O gaúcho Paulino Viapiana é jor­­nalista e percebe que a Virada re­­presenta um marco, por ter levado a população para as ruas, mas admite que ainda falta muito para tornar Curitiba mais envolvida com as artes. "Quando você conversa com amigos, perceba, as pessoas saem para comer pizza, pegar uma balada, no máximo um cinema. Quantos propõem assistir a um concerto ou a uma peça de teatro? O curitibano precisa colocar a cultura no seu cardápio", finaliza.

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