• Carregando...

O Greenpeace, uma das principais ONGs ambientalistas internacionais, considerou que a COP8 foi um fracasso. Para a entidade, os principais temas discutidos não tiveram avanço significativo, embora haja pressa em conter a perda de biodiversidade devido à ação humana em escala planetária.

O consultor político do Greenpeace Internacional, Martin Kaiser, diz que foram "pífios" os avanços em um dos principais temas discutidos: a criação do Regime Internacional de Acesso a Recursos Genéticos e Repartição de Benefícios – tratado que normatizaria como grandes empresas podem utilizar a biodiversidade e os conhecimentos indígenas e de comunidades tradicionais para produzir, por exemplo, remédios e cosméticos.

O coordenador da campanha "Amazônia do Greenpeace Brasil", Paulo Adario, aponta que a falta de um compromisso forte dos países para adotar o regime só fortalece a biopirataria, pois servirá para que as grandes empresas farmacêuticas multinacionais ganhem tempo para requerer patentes sobre princípios ativos presentes em animais e plantas dos países com alta biodiversidade (nações em desenvolvimento, via de regra).

Adario ainda lembrou que a COP8 termina sem medidas efetivas para se proteger os mares e para se criar uma rede de unidades de conservação mundial. O principal problema , segundo os ambientalistas, é a falta de dinheiro para a criação de áreas de conservação, o que cria a ameaça de os países não atingirem as metas de contenção da perda da biodiversidade até 2010. O Fundo Mundial do Meio Ambiente (GEF), por exemplo, no período 2002–2006 teve US$ 3 bilhões em caixa. Para o Greenpeace, seria preciso investir, por ano, US$ 25 bilhões na proteção ambiental para se cumprir a meta de que cada uma das ecorregiões mundiais – terrestres ou marinhas – tenham 10% de área preservada até 2010.

No entanto, o mundo se vê às voltas com a possibilidade de, ao invés de ter mais dinheiro para o meio ambiente, ver a fonte de recursos secar. Os Estados Unidos (EUA), principal financiador do GEF, com cerca de 20% do aporte de dinheiro, já anunciaram que pretendem reduzir pela metade a destinação de dinheiro para o GEF.

"Dinheiro no mundo não falta", protestou o ambientalista brasileiro. "Os EUA gastam US$ 300 bilhões na guerra do Iraque." Os subsídios dos governos de todo o mundo para a agricultura, mineração, indústria, pesca, transporte e outras atividades potencialmente nocivas ao meio ambiente também foram duramente criticados. Segundo a Federação Alemã de Conservação da Natureza e Proteção do Meio Ambiente, esses subsídios chegam a US$ 850 bilhões por ano.

"Precisamos discutir maneiras criativas de descobrir de onde sairá o dinheiro para o meio ambiente", diz Adario, que sugere, por exemplo, o corte dos subsídios para destiná-los à preservação ambiental, a taxação do comércio internacional de madeira ou a troca das dívidas externas por investimentos em meio ambiente.

Adario ainda critica a postura do Brasil na COP8 que, para ele, poderia ter sido mais enfático em cobrar dos países desenvolvidos o aporte de recursos para o GEF. "O Brasil poderia ter rugido como uma onça, mas miou como um gato maracajá."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]